Divaldo – O Mensageiro da Paz, uma cinebiografia
A cinebiografia de Divaldo Pereira Franco
Divaldo (Bruno Garcia) pode ver e se comunicar com espíritos desde criança. Quando tem 17 anos (nessa fase interpretado por Ghilherme Lobo) ele vai para Salvador para se tornar médium.
Auxiliado por sua mentora espiritual (Regiane Alves), Divaldo irá se tornar um dos médiuns mais importantes de todos os tempos.
Divaldo – O Mensageiro da Paz é a cinebiografia de um médium do espiritismo e essa é uma vertente que vem fazendo um certo sucesso no cinema nacional. No entanto, este filme parece querer tomar outros rumos.
Uma abordagem diferente
Óbvio que o espiritismo é um assunto presente no filme e que se estabelece logo nos primeiros minutos que o filme se passa em um universo onde os espíritos se comunicam com Divaldo. Assim como o médium, nós também vemos as pessoas que ele consegue ver, portanto, dentro daquele universo aquilo é real e poucas vezes é questionado por outros personagens.
Para quem já segue a religião espírita essa abordagem é mais do que natural e certamente vai agradar. Para quem não crê, no entanto, o filme pode passar como uma fantasia, se a pessoa embarcar na história. Independentemente disso, Divaldo – O Mensageiro da Paz não soa como um filme panfleto. Não parece querer convencer ninguém de que o espiritismo é a religião “mais correta”, mesmo porque esse nem é um dos ensinamentos da religião.
Aliás, o filme não quer nem apresentar o espiritismo, já que usa diversos termos e fala de algumas práticas, que só quem conhece um pouco da religião vai compreender totalmente. Talvez o diretor Clovis Mello, pressuponha que quem está no cinema assistindo ao seu longa já é interessado e iniciado no assunto. Claro que isso pode deixar o filme um pouco nichado, mas não o prejudica, uma vez que se fosse um filme repleto de explicações e lições se tornaria chato, didático e panfletário. Da maneira que está, Divaldo – O Mensageiro da Paz é um filme espírita, mas que pode agradar quem não conhece muito sobre o assunto.
Tolerância religiosa
Além de não fazer propaganda a favor do espiritismo, o filme também é muito tolerante em relação a religiões no geral. Antes de se tornar médium, Divaldo frequenta a igreja católica com sua mãe (Laila Garin) e irmãos. Mais tarde a família tem uma grande decepção com o catolicismo, o que faz com que se voltem para o espiritismo.
Por outro lado, o filme faz questão de ressaltar que existe uma diferença bem clara entre a igreja católica, seus preceitos, Deus e o que Ele pregou. E manda uma mensagem ainda mais importante: só existe um Deus, ele só ganha nomes diferentes.
Divaldo – O Mensageiro da Paz também desmistifica o espiritismo. Obviamente que nos dias de hoje, o espiritismo é uma religião bem mais aceita e praticada (o Brasil é o país com o maior número de espíritas do mundo), mas uma parte do filme se passa nos anos 40, uma época em que a religião espírita ainda sofria preconceito e era alvo de medo. Mas o filme, através da boca de Divaldo, explica às outras pessoas que a religião não lida com morte e nem é “coisa do diabo”. Divaldo até explica a seu amigo Nilson (Bruno Suzano na primeira fase e Osvaldo Mil na segunda) que se a intenção é boa, qualquer religião é válida. Independentemente da religião que se segue ou no que se acredite, essa é certamente uma mensagem interessante e poderosa para se passar.
Aspectos técnicos de Divaldo – O Mensageiro da Paz
A produção do filme é cuidadosa e bem feita. O longa cobre varias épocas da vida de Divaldo, começando por sua infância e chegando aos dias de hoje, por isso é óbvio que a produção precisou ser bem cuidadosa em relação à caracterização.
As roupas e cabelos dos personagens são uma ótima maneira de mostrar a passagem do tempo, que é feita de maneira bem rápida, além da troca dos atores. Fica claro que o filme começa nos anos 30 e vai evoluindo até os tempos atuais.
O filme tem um elenco grande, encabeçado por Bruno Garcia, que no final das contas, não aparece tanto e Ghilherme Lobo, que está muito bem no papel. Além dos dois também vemos Regiane Alves, Laila Garin, Marcos Veras, em um papel bem diferente do que está acostumado e o próprio Divaldo como ele mesmo nos dias de hoje.
Divaldo – O Mensageiro da Paz é um filme religioso diferente, que usa de piadas em diversos momentos que Divaldo conversa com espíritos e que tem cenas bonitas e emocionantes, mas que se alonga um pouquinho, mesmo porque se predispõe a contar a vida inteira de um homem de 92 anos.
O tamanho do filme não atrapalha o produto final, que certamente vai agradar o público alvo e se preocupa em passar mensagens de tolerância e de amor. O filme entra em cartaz no dia 12 de setembro.