Entre Tempos, a história do amor de todos
Ele é encantador, irônico, nostálgico. Ela é cheia de vida, inteligente, apaixonada. Quando eles se encontram, se apaixonam instantaneamente. À medida em que crescem lado a lado, suas personalidades evoluem. Enquanto ele fica mais leve, ela se torna mais melancólica. Entre Tempos é uma longa história de amor vista através das memórias do jovem casal. Lembranças moldadas por diferentes perspectivas e pelo próprio tempo mostram que pode haver tantas histórias de amor quanto há pontos de vista.
Entre Tempos é o segundo filme do diretor e roteirista franco italiano Valerio Mieli. Com sua atmosfera contemplativa, o longa nos carrega pela(s) história(s) de amor desse casal sem nome. Lei e Lui (Ela e Ele) atravessam anos e anos de relacionamento e nós nos emocionamos com seus altos e baixos. Assim como todo relacionamento, eles têm momentos lindos e momentos tensos. Luca Marinelli e Linda Caridi estão perfeitos em tela, fazendo valer a pena assistir ao filme no cinema.
Mas a principal característica da trama é a utilização das memórias do casal. Indo e vindo no tempo, o público percebe a mudança de período de acordo com a fotografia do filme. E claro, os figurinos e cabelos também ajudam bastante a identificar em que momento estamos. Cabelos longos, curtos, franjas, barbas. Mas a fotografia tem ainda a função de retratar um momento triste em tons mais escuros, frios e azuis, enquanto as memórias felizes são mais quentes, com cores vivas e vibrantes.
Entre Tempos (e memórias)
Enquanto mergulhamos na vida de Lui e Lei, viramos quase que detetives dessa história de amor. Suas memórias se misturam com as nossas, suas verdades se entrelaçam. Enquanto ele luta com seus traumas de infância, ela vive feliz e contente. Ele parece sempre triste e diz que o presente é uma ilusão. Ela lhe acolhe entre abraços e beijos trazendo conforto ao rapaz. É perceptível o amor que há ali.
Para aqueles que já viveram longos relacionamentos, a identificação com o casal é muito fácil. A intimidade e a reciprocidade, a confiança e a troca entre eles é muito bonita. Pois pense: caso alguém lhe perguntasse quando foi que vocês se conheceram, qual seria a versão de cada um? Logo no começo do filme, percebemos que Ele tem uma memória e Ela tem outra. Ambos se lembram de terem se conhecido em uma festa, mas para a moça, o vestido que ela usava era branco e seu cabelo tinha um penteado elegante. Já na versão dele, ela usava vermelho e tinha franja. A roupa e os cabelos dele também mudam de acordo com a memória.
Assim, a trama um tanto bagunçada, pode ser facilmente compreendida quando percebida em nossas próprias vidas. Como nossas memórias nos pregam peças, nos enganam. Como o presente é uma ilusão, as únicas coisas reais são o passado e o futuro. Assim, Entre Tempos não é um filme fácil, tendo em vista toda sua poesia, mas é uma ótima pedida para aqueles que gostam de revirar o passado. O longa entra em cartaz hoje, 22 de agosto com distribuição da Cineart Filmes.