Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, a série

O filme Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado, de 1997, veio na esteira do sucesso de Pânico um ano antes e se apresentou como um dos melhores exemplares genéricos. Mas a ideia por trás dessa série de 8 episódios realizada por Kevin Williamson para o Prime Video é o de subverter a boa e velha “punição pelo sexo”, para a “culpa e responsabilização”. Então, essa nova interpretação é menos um slasher e mais um suspense adolescente (de alto nível).

Para quem espera aqui um tipo de Scream, pode se desapontar. O terror é pontual e somente um assassinato é detalhado em tela. As outras mortes aparecem após a execução da vítima, pois o investimento aqui se dá mais no mistério (não só de quem é o assassino, mas de outros detalhes do enredo), enquanto desenvolve muito bem todos os personagens, que agora vivem numa ilha do Havaí, cenário perfeito, pelo contraste que gera. Mais “realista” possível, a série convence justamente pela premissa e nada soa muito absurdo (ainda que aqui e ali e mais próximo ao final tenha suas pirações típicas).

Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado

O elenco teen e adulto é ótimo (além de todos serem belíssimos, uma regra meio que iniciada em Barrados no Baile e consagrada em Gossip Girl e Riverdale), com sacadas interessantes em suas tramas particulares, sendo a principal delas a das protagonistas gêmeas e de como quando uma assume a identidade da outra, que foi morta, e tudo o que se gera a partir disso.

Recheando o enredo com outros pormenores, como a seita que marcou o cenário (um pano de fundo bem de fundo mesmo e que talvez seja melhor explorado numa segunda temporada), a superexposição de influencers digitais e os mistérios dos pais (sempre eles), muitos dos quais, aqui, são condescendentes com os pecados dos filhos.

A primeira temporada

Com alto valor de produção e tomadas inventivas que contribuem para a sustentação do suspense (de quando os diretores investem na câmera distante, panorâmica, que treme, como se observasse os personagens), por vezes a história vai e vem no tempo para denotar algum detalhe que será melhor absorvido depois, e opta mais pela interação das figuras em tela, do que na silhueta de seu próprio serial-killer.

Porém, quando a revelação vem, ela é potente e completamente inesperada. É inevitável mirar em um único (ou talvez dois) suspeito durante toda a sessão, mas a identidade exposta do assassino realmente, não só é coesa, como é apresentada de maneira satisfatória (de qualquer forma, nada justifica aquela cena durante os créditos, que parece explicar em detalhes para quem não entendeu). O desfecho é ousado, mas honesto dentro de sua premissa, o que aumenta a qualidade dessa série, que não fica só no slasher pelo slasher e entrega algo a mais.