Eu Sou Mais Eu, o poder de ser você mesmo
Em Eu Sou Mais Eu a popstar super famosa Camila Mendes (Kéfera Buchamann) não cumpre seus compromissos, não atende jornalistas e destrata seus fãs. Um dia, ela misteriosamente volta para 2004, quando era uma adolescente atormentada na escola por Drica (Giovanna Lancellotti) e que só tinha como amigo Cabeça (João Côrtes).
O que realmente importa
Camila é uma cantora famosa no país inteiro. Tem milhares de seguidores, é rica e mora em uma casa extremamente sofisticada. Por outro lado, ela não fala com a mãe (Flavia Garrafa), não foi ao enterro do avô (Arthur Kohl), tem um relacionamento péssimo com o namorado (Felipe Titto) e não tem amigos. Camila não dá valor nem aos seus fãs, que são responsáveis por boa parte do que ela conquistou na vida.
Contudo, quando volta ao passado, ela não tem fama, nem dinheiro, e é uma perdedora na escola. Mas ela conversa com a mãe, ainda tem seu avô e amigos. Mas ela também é uma pessoa bem diferente da que ela é em 2018.
A Camila adulta se tornou arrogante, grosseira e mal agradecida, enquanto a Camila adolescente era divertida e gentil. Quando Camila retorna aos seus dias de adolescente, ela começa a perceber que talvez a versão dela de 2018 não seja a melhor versão que ela poderia ser. E que ela talvez valorize coisas que não são tão importantes, enquanto não dá valor ao que deveria.
De volta aos anos 2000
Uma das coisas mais legais de Eu Sou Mais Eu é o fato de que uma parte da história se passa em 2004. Para que o público se sentisse de volta aos anos 2000, a produção usou diversos tipos de artifícios. Além dos figurinos e dos detalhes, Pedro Amorim, o diretor, também usa a trilha sonora do filme para isso.
As músicas que tocam no filme quando Camila volta a 2004 foram todas lançadas naquele ano ou em anos anteriores. Essa decisão, de fato, ajuda muito a situar quem está assistindo ao filme, já que é impossível não lembrar da época quando se escuta as músicas que estão na trilha.
2004 nem parece um ano tão longínquo assim, mas no caso do filme essa passagem de tempo faz uma grande diferença. A tecnologia de cada período, por exemplo, é completamente diferente. Como isso evolui cada vez mais rápido, para as gerações mais novas, 2004 realmente parece muito tempo atrás.
Eu Sou Mais Eu também é capaz de se relacionar com os adolescentes dos dias de hoje, porque eles se veem nas cenas em que Camila tem 17 anos. E certamente com os adultos que foram adolescentes nos anos 2000.
Seja você mesmo
Na tentativa de esquecer como ela era quando adolescente, Camila mudou o seu jeito de ser, o que foi potencializado pela fama e poder que ela adquiriu. O filme defende a ideia de que devemos nos manter fiéis à nossa essência, mesmo que ela seja considerada estranha e fora do comum.
O longa também fala de assuntos que circulam o mundo dos adolescentes, como as dúvidas e o bullying. A ideia por trás do filme é interessante, e a mensagem que ele deseja passar também é relevante. Mas o longa demora um pouco para mostrar a que veio. Quando Camila volta a ser adolescente, ela que antes era uma cantora glamourosa, se torna uma menina desajeitada, de óculos e de cabelo bagunçado, como manda o clichê de todo filme adolescente com uma protagonista que é considerada “estranha” e “feia”. Embora a atriz que a interprete não seja nem uma coisa nem outra. Ao invés de ela se aceitar como é, ela muda suas roupas, tira os óculos e alisa o cabelo, mais uma vez repetindo os filmes americanos de colegial.
De certa maneira isso faz parte da trama e Camila, de fato, sofre uma mudança durante o filme. Mas acaba deixando a história um tanto quanto repetitiva. Não é que este seja um filme completamente desprezível, ao contrário, ele passa boas mensagens e pode divertir a plateia, mas ele não traz muita novidade e nem é especialmente surpreendente.
Aspectos técnicos de Eu Sou Mais Eu
O filme tem uma boa produção, especialmente quando acompanhamos a trama que se passa em 2004. Vemos tecnologias, roupas, acessórios e músicas que nos remetem diretamente aos anos 2000 e que criam reconhecimento imediato. Nesse aspecto é possível notar que houve muito cuidado.
O elenco é composto em sua maioria de comediantes que desempenham bem seus papeis, como Kéfera Buchamann, que consegue se transferir bem da Camila de 2018 para a Camila de 2004 e Flavia Garrafa, que é sempre muito divertida. João Cortês, que interpreta Cabeça, o melhor amigo de Camila se sai muito bem no papel nas duas fases, e entrega uma atuação divertida.
Eu Sou Mais Eu traz mensagens interessantes e pode divertir o público, especialmente o adolescente. Mas não traz nenhuma novidade e é um filme mediano. Entra em cartaz no dia 24 de janeiro.
Eu Sou Mais Eu
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