Feito na América – Vivendo perigosamente
Uma envolvente história baseada num cara inacreditavelmente real
A parceria de sucesso do sempre ótimo Doug Liman com o astro Tom Cruise volta a dar certo após “No Limite do Amanhã”, com essa trama de Feito na América, baseada em fatos, da louca vida do piloto Barry Seal, a partir do momento em que ele deixa a Trans World Airlines para trabalhar para a CIA (e posterior e convenientemente também para Pablo Escobar), realizando uma das maiores operações secretas dos Estados Unidos durante os anos 1980.
Em um viés muito semelhante, tanto de estilo autoral quanto de engajamento, o diretor faz aqui o seu próprio “Prenda-me se For Capaz” (de Spielberg, com DiCaprio), com um protagonista carismático e sempre otimista, mesmo em meio a complicações, sem abandonar o senso de gravidade e tensão, à medida que evoca na fotografia e narração as produções de Soderbergh, como “Traffic” e a trilogia “Onze Homens”.
Aliás, a mão do diretor de fotografia brasileiro César Charlone pesa forte no filme. Suas cores super saturadas e grandes tomadas da América Central deixam todas as tomadas espetaculares, entre uma aventura e outra. Certamente é lugar-comum esse visual solar e quente que Hollywood adora caracterizar das ambientações latinoamericanas, mas não chega a ser um demérito, pois muito de nossas paisagens são valorizadas a cada take.
Feito na América
Sendo um filme com Tom Cruise, não podia se esperar outra coisa que não todos os holofotes voltados para ele. Por isso, mesmo o elenco de apoio, apesar de bom, ainda é mais estereotipado, para não roubar o brilho do astro. E é interessante e sempre bem-vindo assisti-lo saindo um pouco dos genéricos de Ethan Hunt, com uma figura falível e mais mundana.
Por outro lado, o que o filme nos prova, é que Barry não era um cara bom de lábia, mas sim dotado de uma sorte quase sobrenatural (que claro, uma hora acaba) e que sempre esteve no lugar certo, na hora certa. Liman sabe dosar sua edição toda estilosa e moderninha com momentos de pura tensão ou ao criar expectativas para algo que vai explodir mais adiante, tornando Feito na América um tipo de montanha-russa, mas daquelas que só descem com tudo e mantém o coração do espectador na boca.