Gotham City 1889: Um Conto de Batman
Batman enfrentando Jack, o Estripador, por que não?
Adaptando o quadrinho de Brian Augustyn (texto) e do mestre Mike Mignola (arte), Sam Liu (diretor com vasto currículo nas animações da DC) coloca o Homem-Morcego no final do século 19, levando uma versão de Jack, o Estripador, para Gotham em Gotham City 1889: Um Conto de Batman.
O filme já começa vitimizando uma conhecida personagem da mitologia do herói. Um detalhe, aliás, que se prova ainda mais valoroso mais adiante. Afinal, sem se prender aos princípios de toda a batfamília, o roteirista James Krieg segue o enredo original ao subverter figuras que conhecemos em prol da narrativa desse período, em uma história alternativa.
Gotham City 1889: Um Conto de Batman
Outro ponto positivo, é que a trama não faz uso de vilões manjados, assim como Coringa, Charada e Pinguim. Ainda que traga um Harvey Dent pré-Duas Caras, que contribui bastante para as suspeitas. No longa animado, ainda temos o comissário James Gordon, versões delinquentes de Dick Grayson, Jason Todd e Tim Drake; um Alfred cocheiro, Hugo Strange e Selina Kyle, que co-protagoniza a história ao lado de uma das interpretações mais interessantes de Bruce Wayne em todas as mídias.
Aqui, como sempre, ele finge ser um ricaço fútil, mas guarda uma gentileza por trás do olhar, que deixa cair a máscara, ao resmungar para seu fiel mordomo quando tem de encontrar com figuras que não lhe interessam. Seu Batman, ainda que muito habilidoso, não é imbatível e apanha em todas as lutas contra Jack, se salvando por pouco (ou com ajuda da Mulher-Gato). Sem exibir um exagerado lado turrão, ele consegue ser sombrio e humano em boa medida.
A arte
O character design dos personagens nem de perto se aproxima do estilo magistral de Mignola. Entretanto, também ao não insistir em emular o artista, funciona justamente por isso. Com um traço mais limpo e eficiente que das outras animações da DC (da linha Novos 52), mas ainda não um Bruce Timm, o visual fica num meio termo que não desaponta, nem surpreende (mas conta com ótimas sequências de ação, sempre levando os heróis e vilões para as alturas), deixando que a história faça isso de maneira consistente, sangrenta e bem contada.
Com um poderoso mistério sustentado durante a rodagem, a revelação por trás do Estripador surpreende verdadeiramente, com uma justificativa improvável para essa versão do assassino, que vai agradar fãs do personagem e do clássico serial killer de igual maneira.