Hellboy no México, publicado por Mythos HQs
De Mike Mignola, Richard Corben, Mick McMahon, Fábio Moon, Gabriel Bá e Dave Stewart
Hellboy no México é uma viagem errada repleta de porradaria, sanguinolência e birita! Mike Mignola teve a ideia para esse arco depois de ilustrar seu vermelhão junto de um luchador, em uma foto datada em 1956. Assim, a Mythos relança no Brasil as histórias “Hellboy no México” (lançada a primeira vez por aqui em 2012) e “A Casa dos Mortos-Vivos” (2015), ambas com arte do grande Richard Corben.
Enquanto a primeira HQ mostra uma grande amizade que termina em transformação monstruosa e tragédia, a segunda é uma baita reverência e referência aos clássicos da Universal. Mas em versão latina (gosto sempre de relê-la, agora tenho duas edições com a mesma trama… paciência).
De inédito mesmo (e um alento para antigos fãs e colecionadores), a revista fornece três histórias menores, divertidas, escapistas e bem mais despretensiosas, assim como é bem costumeiro em publicações do personagens, com esses contos para preencher lacunas.
Hellboy no México
“A Múmia Asteca” é a única HQ da edição desenhada pelo mestre Mignola, onde ele brinca com entidades astecas em 8 páginas, em mais uns de seus exercícios criativos, narrativamente falando. “O Casamento de Hellboy”, dividido em duas partes, talvez seja o quadrinho mais fraquinho, apesar da boa premissa, ao colocar o vermelhão se casando e vendo que se meteu em uma grande enrascada, em uma trama inspirada por baladas espanholas. Mick McMahon tem um traço cartunesco demais, que não orna com esse universo.
Ao contrário dele, os brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá, que nunca esconderam que fizeram escola com Mignola, ilustram “O Saqueador de Cadáveres” (Moon) e “O Saqueador de Cadáveres: A Revanche”. E é divertido comparar o estilo dos gêmeos. Apesar das similaridades, guardam particularidades interessantes que dão personalidade a cada uma das duas histórias, onde curiosamente vemos Hellboy fracassar duplamente, sem qualquer resolução além.
E o que mais?
Outra curiosidade é que o Velho do Caixão, apesar de sustentado por outros mitos mexicanos, teve o nome retirado do nosso Zé do Caixão, apesar do autor nunca sequer ter visto nenhum filme de José Mojica na vida (Mignola, infelizmente, tem dessas, ele só pega um pedaço da coisa e vai adiante). Sendo razoavelmente chato, não consigo entender por que Moon ou Bá, ao menos, não retrataram o vilão com a aparência do nosso monstro nacional. Teria sido um detalhe e tanto para os leitores brasileiros.
Ainda acho que Hellboy no México renderia muito mais histórias. Foram 5 meses que Mike passou alcoolizado por aquele território, lembrando-se pouco das aventuras que viveu. Ou, justamente por isso, só lemos o tanto que ele conseguiu lembrar. É, faz sentido.