Jorginho Guinle – $ó Se Vive Uma Vez
Herdeiro de uma das famílias mais ricas do Brasil, no início do século XX, Jorge Guinle decidiu, desde moço, que não trabalharia um dia sequer na sua vida. Homem culto, generoso e encantador, Jorginho, como era conhecido, viveu no luxo e na riqueza. Conheceu então os homens mais poderosos e as mulheres mais desejadas do seu tempo. E morreu pobre, aos 88 anos. Afinal, não imaginou que ficaria tanto tempo sobre o planeta.
$ó Se Vive Uma Vez na verdade se trata de um docudrama e conta com diversos depoimentos de amigos e familiares que contam histórias sobre a excêntrica vida de Jorginho Guinle, herdeiro de uma das mais ricas famílias brasileiras do início do século passado. Jorginho se orgulhava do fato de nunca ter trabalhado em toda sua vida. E certamente viveu muito bem segundo os depoimentos e dramatizações mostrados no filme.
A família Guinle foi responsável pela criação do porto de Santos. Como no início do século XX praticamente toda nossa produção de café e até produtos do vizinho Paraguai tinham como ponto de saída a cidade do litoral paulista, é de se imaginar o quão influente os Guinle se tornaram na alta sociedade carioca. Presidentes costumavam eventualmente se sentar à mesa da família em suntuosos jantares. E as festas promovidas na mansão no bairro do Botafogo tinham convites disputadíssimos pelos barões do café.
Jorginho Guinle – O Playboy que passou da conta
Criado nesse mundo de excessos e luxo em que férias em Paris duravam 6 meses e quando o dinheiro faltasse era só enviar um telegrama aos pais, é até possível acreditar que realmente Jorginho nunca trabalhou um dia na vida.
Quando adulto se tornou promoter do Copacabana Palace Hotel e com seus contatos na velha Hollywood era comum para ele frequentar as badaladas festas acompanhado das mais famosas e desejadas estrelas da época. Na lista de suas conquistas contam nomes como Kim Novak, Rita Heyworth, Brigitte Bardot e Norma Jean Mortenson, que anos depois seria mundialmente conhecida pelo nome artístico Marilyn Monroe.
O longa tenta recriar essas histórias com fotos e filmes de época e até se sai muito bem na parte de pesquisa e utilização desse material. Mas peca totalmente na recriação com atores. Saulo Segreto faz o que pode interpretando todas as fases da vida do playboy, mas a maquiagem deixa muito a desejar. É difícil acreditar numa caracterização em que só envelhecem o rosto do ator enquanto braços e pernas pertencem a uma pessoa de 30 anos, rs.
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O resto do elenco fica completamente perdido em cena e algumas atuações beiram o ridículo. Em algumas partes, vale o destaque para Daniel Boaventura e Guilermina Guinle que interpreta sua bisavó da qual herdou o nome.
Fica difícil focar na história por conta de “defeitos especiais” muito ruins utilizados em algumas cenas. Alguns deles são dignos de episódios do Chaves. A obra parece ter tentado seguir o estilo de produções feitas para o History Channel, mas erra feio o alvo. Se fosse focada somente nos depoimentos e material de arquivo o produto final seria muito melhor.
Circulam boatos de uma produção mais bem elaborada sobre a excêntrica vida de Jorginho Guinle. Assim sendo, espero que ela tenha melhor sorte. Jorginho Guinle – $ó Se Vive Uma Vez entra em cartaz dia 21 de março.