Klaus, animação artesanal reconta origem do Natal

A primeira coisa que salta aos olhos em Klaus, esse longa animado produzido pela Netflix, é o uso tradicional do 2D, em um mundo cada vez mais dominado pela computação gráfica, onde tanto o estilo dos personagens e cenários é singular, quanto da técnica fluida de movimentação das figuras em tela.

Tudo nesse quesito é impecável. Com uma paleta de cores suaves, remetendo à aquarela, em um trabalho claramente apaixonado de Sergio Pablos (que escreve e dirige) e grande equipe. E ainda com uma canção-tema de Zara Larsson que ainda vai tirar lágrimas ao menos duas vezes durante a sessão.

Na trama, um rapaz privilegiado, mimado e folgado é encaminhado pelo pai para morar e trabalhar como carteiro numa cidadezinha acima do Círculo Ártico. Ali acontece uma eterna briga entre duas famílias, que divide a população e onde cartas pouco interessam. Até que o protagonista Jesper vê em Klaus, um velho isolado que faz brinquedos, a oportunidade de correr com sua função e poder sair de lá o quanto antes.

Klaus

Klaus

Nesse meio tempo, ele também conhece Alva, que foi para professorar na região e acabou virando uma açougueira. De maneiras improváveis e indiretas, Jesper vai transformar o local e a vida de todos, com a contribuição de Klaus. Este guarda uma mágoa do passado mas, nunca esqueceu que um gesto gentil sempre gera um gesto gentil.

E Sergio Pablos acerta também no texto, ao depositar na inocência e esperança das crianças a força para que os adultos enxerguem na rixa antiga uma bobagem que pode ser descartada em prol da política da boa vizinhança e principalmente da empatia.

Por isso, já no meio do filme, seus olhos provavelmente encherão de lágrimas, quando os primeiros efeitos dessa evolução social passam a ocorrer, tanto na transformação do cenário – antes decadente e cinzento, para um reformado e com novas cores, mesmo sobre a neve – quanto das pessoas, que veem uma nas outras inúmeras possibilidades (com exceção de um pequeno grupo conservador, responsável pelo enervante clímax).

Klaus

Prepare os lencinhos

A obra ainda consegue entregar ótimas sequências de ação, sem abandonar momentos cômicos e diálogos divertidos (com uma dublagem que não onera a produção, em um trabalho inspirado de Rodrigo Santoro, Daniel Boaventura e Fernanda Vasconcellos), mas mirando o tempo todo o coração do espectador, ao qual acerta mais de uma vez.

Definitivamente emocionante, certamente cativante e visualmente impecável, Klaus facilmente supera muitas animações contemporâneas tanto na parte técnica quanto de roteiro, à medida que reconta a origem do Natal com criatividade e desde já se classifica como um clássico moderno.

Klaus

Nome Original: Klaus
Direção: Sergio Pablos, Carlos Martínez López
Elenco: Vozes de Jason Schwartzman, Rashida Jones, Joan Cusack (no original)
Gênero: Animação, Aventura, Comédia
Produtora: The SPA Studios
Distribuidora: Netflix
Ano de Lançamento: 2019
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