Mal Nosso, um filme de terror nacional
Mal Nosso se define como um filme de terror, e de fato o é, mas ele também tem toques de suspense.
Arthur (Ademir Esteves) é um homem misterioso e sensível que um dia contrata um serial killer (Ricardo Casella), com a intenção de proteger sua filha Michele (Luara Pepita) de um mal maior.
Na verdade, o filme pode facilmente ser dividido em duas partes. Na primeira acompanhamos Arthur quando ele contrata Charles, o serial killer; e na segunda conhecemos o passado de Arthur e entendemos porque ele tomou esta decisão.
Mal Nosso
A primeira parte é, basicamente, um filme de suspense. Com bastante sangue, mas ainda assim, um filme de suspense, já que acompanhamos Arthur enquanto ele escolhe o assassino que vai contratar, e entra em contato com o homem.
A segunda parte, por sua vez, é um filme de terror. Quando o público fica conhecendo o passado de Arthur, somos também apresentados a uma variedade de situações assustadoras.
É verdade que, mesmo no começo do filme, já somos apresentados a cenas um tanto quanto aflitivas e violentas. Como uma preparação ao espectador para o que virá na segunda parte. Mas essa escalada, de suspense para terror, não é repentina e tem seu ritmo.
Mídias digitais
Mal Nosso não nos diz em que época se passa, embora a gente consiga entender com clareza o flashback que aparece no meio do filme. Certamente é um filme moderno, uma vez que usa de aspectos tecnológicos dos dias de hoje para contar sua história.
Uma das coisas mais interessantes do filme é o fato de que assistimos muito dele através de mídias digitais. Quando Arthur encontra Charles, por exemplo, acompanhamos um vídeo postado em alguma página obscura da internet, onde ele tortura uma moça. Então, acompanhamos a relação de Arthur e Michele através de filmagens que ela mesmo está fazendo e, mais tarde, conhecemos a história de Arthur através de um depoimento filmado por ele mesmo.
Essa técnica nos dá a sensação de estarmos assistindo a um filme dentro de um filme. E quando assistimos aos vídeos que os personagens assistem, nos sentimos parte da trama, o que torna um filme de terror muito mais interessante.
Aspectos técnicos
O filme tem uma proposta bem diferente da que vemos nos filmes nacionais. Isso pode causar estranhamento, mas não é ruim, muito pelo contrário. A produção de Mal Nosso é extremamente bem feita. O filme tem bastante efeitos e usa de bastante maquiagem especial, já que somos apresentados a diversas cenas com criaturas bizarras e violências absurdas. Tudo isso é muito bem efeito e bem realista, o que causa no público uma sensação de agonia e de aflição.
A fotografia, assim como a direção de arte, pesa bastante para as cores fortes, como vermelho e preto, e elas são usadas de maneira bem inteligente para transmitir o peso das cenas. Muitas das cenas também são mostradas através de outras câmeras, o que é uma maneira interessante de se fazer um filme.
Mal Nosso também faz bastante referência a outros filmes de terror, como O Iluminado e A Hora do Pesadelo, que talvez passem até despercebidas para quem não é espectador do gênero. Também podem incomodar pessoas que esperam um terror só com referências nacionais. Isso, no entanto não é um problema. É até natural, uma vez que o cinema de terror brasileiro ainda está engatinhando e as referências que temos são mesmo de filmes estrangeiros.
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O filme segue muito bem durante bastante tempo e prende a atenção do público. Mesmo que ele seja repleto de cenas pesadas. O final, por sua vez, deixa um pouco a desejar, o que não compromete o resto do filme que é extremamente interessante.
Mal Nosso apresenta uma história medonha e consegue assustar e interessar ao mesmo tempo. O filme entra em cartaz no dia 14 de março e tem classificação 16 anos.