Meu Amigo Enzo ou A Arte de Correr na Chuva
Há uma piada que diz que, no Instagram, a bio “mãe do Enzo” só não é mais usada do que “mãe de pet”. Em Meu amigo Enzo, filme que estreia dia 08 de agosto nos cinemas brasileiros, os dois títulos podem ser atribuídos a um único personagem: Denny Swift, um piloto de corridas tentando galgar sua carreira nas pistas. Como não poderia deixar de ser, Denny adota um cãozinho ainda filhote e dá a ele o nome de Enzo (o nome é uma homenagem a Enzo Ferrari, e não ao filho de Cláudia Raia com Edson Celulari).
Toda a história do filme é contada pelo ponto de vista do cachorro. O cão tem seus pensamentos narrados em off, no original pela voz grave e marcante de Kevin Costner. É assim que sabemos que ele gosta de corridas, tem ciúmes do dono, tem alucinações com zebras e acredita em uma lenda mongol que diz que os cães reencarnam como humanos na próxima vida. Durante o filme é até possível agradecermos mentalmente pela incapacidade dos cães de falarem: Enzo fala muito. O cão fala mais do que um direitista
explicando conceitos de feminismo para uma mulher; não parando de falar durante o filme todo, às vezes narrando de forma óbvia o que acontece na tela.
Meu Amigo Enzo
A narração incessante deve ser uma das consequências de sua adaptação literária. Afinal, o filme é baseado no livro “The Art of Racing in the rain”, de Garth Stein, que chegou ao Brasil com o título literalmente traduzido “A arte de correr na chuva”. Entretanto, a opção pela alteração no título da película não é ruim. O automobilismo é pouco explorado na obra, sendo usado ocasionalmente somente para algumas analogias espertas e frases marcantes. O título deixa claro também que este é um filme para fãs de animais – e a escolha da equipe de marketing de divulgar amplamente que é o novo trabalho da equipe produtiva do já clássico Marley & Eu só reforça essa ideia.
De resto, a história é tão óbvia e previsível quanto parece. Acompanhamos o cão desde sua adoção, mostrando sua importância no núcleo familiar principal. Milo Ventimiglia e Amanda Seyfried, tem uma atuação muito justa nos papéis de “casal com cachorro” da vez, apesar de interpretarem as únicas pessoas que eu conheço que falam com o cachorro com a mesma entonação de voz com que falam com outras pessoas.
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Assim, devido à natureza do filme, são inevitáveis as comparações com “Marley & eu”, mas Meu Amigo Enzo certamente dá um peso muito maior na carga dramática, se tornando aquele filme perfeito para você se debulhar em lágrimas no cinema – não só no final, mas em diversas ocasiões durante a película.
Honesto, porém sem muita criatividade na execução. O filme é despretensioso, mas sabe o seu público e é voltado para agradar especialmente os amantes de animais. Então preparem os lencinhos.
Por @paulovelho