Monster Hunter – Milla à millanesa

Por uma tradição hollywoodiana, filmes inspirados em videogames costumam ser uma bomba. Monster Hunter não foge à regra. Inspirado na franquia de jogos que é mais velha do que eu imaginava (o primeiro foi lançado para Playstation 2, em 2004) e que eu acredito que se baseie…, bem, que se baseie em caçar monstros; o filme tem tudo que se espera dele: monstros e caçadores de monstros.

De gamer pra gamer

O diretor Paul W.S. Anderson teve um certo sucesso ao adaptar outra franquia de games para o cinema: Resident Evil. Foram seis filmes inspirados no jogo de zumbis que colocaram o nome do diretor e da atriz Milla Jovovich de vez nos patamares mais popularescos do IMDB. Resident Evil sempre foi, porém, uma série de games muito mais forte e com uma história muito mais fácil de ser adaptada.

Já o enredo de Monster Hunter parece uma desculpa para criar um videogame. É uma soldado que viaja para outra dimensão para combater monstros. É isso. Não tem muita backstory, não tem muita profundidade, não tem muito mais o que falar. Quem vai ao cinema já sabe o que lhe espera.

Monster Hunter

Areia é superestimada

Por algum motivo, essa outra dimensão é composta de dunas maranhenses. A areia tá em todo lugar e eu saí do cinema com a impressão que tinha areia até no meu sapato. O filme é seco e árido e a ideia que fica é que em vários momentos ele tentou copiar Mad Max: Fury Road. Se esse era o intuito, fica evidente que ele fracassou monumentalmente na missão.

As cenas de ação são confusas, com cortes muito rápidos e às vezes ainda têm uma iluminação que lembra uma balada da Rua Augusta, na época em que elas ainda não tinham falido por conta da pandemia. As coreografias de luta devem até existir, mas não faz diferença, já que nenhum movimento dura na tela mais do que alguns milésimos de segundo. Os monstros são aquela coisa: é muito fácil gerar monstro por CGI, se você errou algum vértice ou alguma triangulação, ninguém vai saber, afinal aquele monstro não existe mesmo.

Os personagens principais não são nada de especial: Milla Jovovich é uma excelente atriz de ação, mas ela já era antes mesmo deste filme. O tailandês Tony Jaa conseguiu um buraquinho de entrada na indústria de cinema americana, se for esperto ele vai aproveitar. Os personagens secundários são tão descartáveis que nem dá pra sentir saudades. O único ator secundário que realmente é digno de nota é Ron Perlman, porque ele é sempre digno de nota, olha o tamanho daquele queixo, deve ser foda viver com acromegalia.

Monstros menores a combater em Monster Hunter

Com muito mais pontos negativos do que positivos, Monster Hunter não vale o esforço. Já não valeria em situações normais, mas dado o cenário pandêmico em que vivemos, parece um desacato ir ao cinema para assistir ao filme. Eu mesmo peço desculpas aqui.

É provável que isso venha a afetar as decisões do estúdio em relação a continuar com a franquia, já que ela foi evidentemente pensada para ter continuações. Não duvido, porém, que algum serviço de streaming abrace a visão, já que ele tem aquele jeitão de filme B porém um orçamento respeitável – e essa parece ser a combinação que os streamings mais gostam.

Monster Hunter

Nome Original: Monster Hunter
Direção: Paul W.S. Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Tony Jaa, Ron Perlman
Gênero: Ação, Aventura, Fantasia
Produtora: Constantin Film
Distribuidora: Sony Pictures
Ano de Lançamento: 2020
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