Musicais: Chicago, 2002
Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones) é uma famosa dançarina que é também a principal atração da boate onde trabalha. Após matar seu marido, Velma entra em uma seleta lista de assassinas de Chicago, a qual é controlada por Billy Flynn (Richard Gere), um advogado que busca sempre se aproveitar ao máximo da situação. Ao contrário do se esperava, o assassinato faz com que a fama de Velma cresça ainda mais, tornando-a uma verdadeira celebridade do showbizz. Enquanto isso a aspirante a cantora Roxie Hart (Renée Zellweger) sonha com um mundo de glamour e fama, até que mata seu namorado após uma briga. Billy fica sabendo do crime e decide adiar o julgamento de Velma, de forma a poder explorar os dois assassinatos ao máximo nos jornais. Assim como ocorreu com Velma, Roxie também se torna uma estrela por causa de seu crime cometido, iniciando uma disputa entre as duas pelo posto de maior celebridade do meio artístico.
Chicago estreou na Broadway em 1975, e posteriormente, o musical ganhou um revival em 1996 que bateu o recorde de mais longo revival em cartaz. O filme baseado na peça, no entanto, demorou um pouquinho mais para chegar e só foi produzido em 2002.
O musical é baseado em um peça, da autora Maurine Dallas Waltkins, sobre criminosas reais e o responsável pelas coreografias é Bob Fosse (diretor de Cabaret).
Chicago conta a história de Roxie Hart (Renée Zellweger), uma cantora que sonha com a fama e admira Velma Kelly (Catherie Zeta-Jones), uma famosa dançarina que está presa acusada de matar seu marido e sua irmã. Então, assim como Velma, Roxie mata seu namorado após uma briga e as duas acabam na mesma prisão.
Um dos pontos mais interessantes de Chicago é que ele tem um vasto elenco feminino. Temos Roxie, a aspirante a estrela, Velma, a dançarina já estabelecida, muitas das outras detentas que estão na prisão (uma delas é inclusive interpretada por Lucy Liu), e claro, Mama Morton (no filme interpretada perfeitamente por Queen Latifah), a carcereira da prisão. O musical também toca o tempo todo no assunto da violência doméstica, mas de maneira inversa do comum, uma vez que tanto Velma, quanto Roxie mataram seus companheiros depois de brigas domésticas. Tem até um número musical em que várias das presidiárias cantam sobre como mataram seus maridos e namorados.
Os homens do musical, tirando Billy Flynn (Richard Gere), o advogado tanto de Roxie, quanto de Velma, quase não aparecem e quando aparecem são quase irrelevantes: o marido de Velma não tem nenhuma cena e durante o filme todo, só ouvimos falar sobre ele. Roxie tem uma série de namorados, que aparecem e desaparecem a cada cena, e ela também tem um marido (John C. Reilly) que é tão patético a ponto de acreditar que os homens que Roxie traz para casa são seus familiares e os maridos das outras detentas são só histórias cantadas na música Cell Block Tango.
Então, Chicago é um musical cheio de personagens femininas fortes, muito mais inteligentes que os personagens masculinos.
O filme também faz uma alusão quase óbvia a homossexualidade. Seguindo o esteriótipo da carcereira masculinizada, ou talvez parcialmente responsável por cunhar esse esteriótipo, Queen Latifah deu essa interpretação para Mama Morton.
Independentemente disso, Chicago tem a intenção de falar sobre o sistema falho de justiça e sobre a ideia de “celebridade criminal”, já que tanto Roxie, quanto Velma se tornam mais conhecidas depois de presas.
O musical também fala sobre corrupção. Billy Flyn, o único personagem masculino relativamente importante, é retratado como um advogado capaz de mentir e enganar para vencer suas causas. Ele inclusive se aproveita da fama de Velma para defender Roxie e a música que Mama Morton canta fala sobre favorecer presidiárias que são “boas” para ela, em uma alusão bem clara ao esquema de uma mão lava a outra.
O musical também retrata com perfeição o final dos anos 20, conhecido como a era do Jazz. Bares, cabarets, bebidas, danças e muitas festas são o que mais aparecem em cena.
Os figurinos do filme fazem muito jus a época em que a história se passa, e as cores mais usadas são preto (especialmente para Velma, como se ela representasse o mal) e branco ou prateado (para Roxie), deixando o filme todo com esses tons básicos. Chicago não é um musical colorido, mas nem precisa ser, uma vez que fala sobre mulheres encarceradas.
As atuações são em sua maioria muito boas: Catherine Zeta-Jones, inclusive ganhou o Oscar de melhor atriz coadjuvante pelo filme, que ela competiu contra outra atriz do elenco, Queen Latifah. Renée Zellweger não ganhou, mas foi indicada ao Oscar de melhor atriz. A única atuação mediana no filme é a de Richard Gere, que nunca tinha estado em um musical antes (o papel de Billy Flynn foi oferecido primeiramente a John Cusack, que recusou).
Assim como Cabaret e outros musicais que retratam casas de dança, boa parte dos números musicais de Chicago se passam no palco. Algumas performances são filmadas da maneira que qualquer outro musical faria, mas mesmo nesses momentos, a cena ganha ares de show e os figurinos mudam. Ou seja, Chicago não é um daqueles onde as pessoas cantam na rua, o filme fala sobre show business, e é isso que nós vemos na tela.
Algumas das músicas que aparecem no filme são All That Jazz, When You´re Good To Mama, Cell Block Tango, We Both Reach For The Gun e All I Care About.
Chicago foi indicado a 11 Oscars e levou para casa 6 (Melhor filme, melhor atriz coadjuvante, melhor figurino, melhor montagem, melhor direção de arte e melhor mixagem de som) e até hoje é o sétimo musical a mais tempo em cartaz na história.
Aqui no Brasil, Chicago ganhou uma versão em 2004, com Danielle Winits no papel de Velma Kelly e Daniel Boaventura no papel de Billy Flynn.
Chicago usa de música e performances de dança para falar de corrupção e injustiça e embora pareça absurdo, tudo isso se mistura muito bem.
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