O Chicote e o Corpo – um terror gótico de 1963

Kurt Menliff (Christopher Lee) é um sádico conde que retorna ao castelo da família para parabenizar seu irmão (Tony Kendall) pelo casamento com Nevenka (Daliah Lavi). Na sua primeira noite no castelo, no entanto, ele é assassinado.

Quando ninguém menos espera, Kurt volta para assombrar o resto da família, e para implantar suas maneiras sádicas na cunhada.

Conflitos familiares

O Chicote e o Corpo é um filme de terror, mas é muito pautado nos conflitos familiares dos personagens. Kurt, o protagonista que também é o vilão do filme, é um conde que parece não ser muito bem-vindo no castelo da família e nem muito querido pelos seus familiares, uma prova disso é que seu irmão, Christian se casa e nem o convida para a festa.

Nevenka - O Chicote e o Corpo
Nevenka

Kurt aparece mesmo assim, mas quando chega ao castelo, a mudança de clima é clara. Isso porque o filme dá a entender que Kurt é um homem terrível e sádico, que mesmo vivo, já vem assombrado a todos que ele conhece.

O clima fica ainda mais tenso entre Kurt e a nova cunhada, Nevenka, e, com o tempo, o telespectador chega à conclusão de que os dois tiveram uma relação pregressa, que não só era sexual, como também era violenta. E é dessa relação que boa parte dos conflitos do filme surgem.

Kurt é assassinado logo na sua primeira noite no castelo, provando que ele é mesmo um problema para a família, mas como Kurt não parece precisar de nenhum convite, ele volta e passa a assombrar Nevenka de uma maneira que beira ao sadomasoquismo e que traz à tona histórias do passado.

O Chicote e o Corpo é um terror atmosférico
O Chicote e o Corpo é um terror atmosférico

Terror atmosférico

O filme trabalha muito na esfera do terror atmosférico, mostrando pouca coisa, talvez em função da época em que foi feito, mas insinuando bastante. Isso acontece não só com suas imagens, mas também com o seu roteiro.

O relacionamento entre Kurt e Nevenka, por exemplo, é apenas insinuado durante boa parte do tempo, assim como as supostas aparições de Kurt depois da sua morte, que a princípio só chamam a atenção da cunhada.

O Chicote e o Corpo é um filme que não usa de jump scares e nem de monstros assustadores, porque o que tem de mais assustador aqui é Kurt, o desejo que ele desperta em sua cunhada e as fantasias não ortodoxas, especialmente para a época, que ela tem.

Christopher Lee em cena do filme O Chicote e o Corpo
Christopher Lee em cena do filme

Aspectos técnicos de O Chicote e o Corpo

O filme foi dirigido por Mario Bava, conhecido diretor do terror e, por isso, está totalmente inserido nesse gênero. Em muitos sentidos, o filme flerta com o gótico: ele tem um castelo sombrio, um conde sádico, uma assombração, uma família refém, uma mulher muito assustada e uma fotografia cheia de sombras.

Além das sombras, o filme também usa muito das cores escuras, seja nos cenários, na fotografia e nos figurinos e, eventualmente, joga cores mais fortes em cena como vermelho e azul. O longa se passa no século XIX e os figurinos remetem, naturalmente, a essa época.

Christopher Lee, que sempre tem ares de vilão, se sai muito bem como Kurt e a atuação de Daliah Lavi também chama atenção, o casal é quem mais domina a trama e, por isso, aparece mais.

O longa soa moderno atualmente
O longa soa moderno atualmente

A produção é pequena, mas isso não é demonstrado em momento algum, justamente porque não há abuso de efeitos e seu terror é baseado quase que unicamente na sugestão e no clima. Sendo assim, é um filme assustador, mas não de maneira óbvia.

O Chicote e o Corpo soa, ainda hoje, como um filme moderno que trata de temas profundos, sem deixá-los completamente claros e é uma ótima pedida para os fãs de terror, mas também pode agradar quem se assusta com mais facilidade. O filme está disponível no Belas Artes À La Carte.

O Chicote e o Corpo

Nome Original: La frusta e il corpo
Direção: Mario Bava
Elenco: Daliah Lavi, Christopher Lee, Tony Kendall, Ida Galli, Harriet Medin
Gênero: Drama, Romance, Terror
Produtora: Vox Film
Distribuidora: Belas Artes à La Carte
Ano de Lançamento: 1963
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