O Maravilhoso Mágico de Oz – Se não leu, leia!
Publicado originalmente em Pipoca e Nanquim
Recentemente a Panini disponibilizou um produto diferente da sua linha habitual, mas que pode facilmente ser categorizado como um dos maiores lançamentos do ano até aqui: O Maravilhoso Mágico de Oz.
Baseado obviamente no livro homônimo de L. Frank Baum (e seguindo o texto original o mais a risca possível), o quadrinho é uma grande vitória em termos de adaptação literária – conduzida magistralmente por Eric Shanower e Skottie Young. Isso porque em geral, adaptações de livros (e também de games, filmes, séries, etc.) se perdem em termos de ritmo e/ou narrativa gráfica, sofrem com arte de terceira categoria, fazem opções inadequadas de quando destacar ou cortar o texto original e raramente captam a essência proposta pela obra em primeiro lugar. Mas nada disso se aplica a esta excelente graphic novel.
Eric Shanower, autor do roteiro, é grande especialista e admirador de toda a obra de Baum e sabe exatamente o que funciona na mídia dos quadrinhos. Ele permite que todas as críticas sociais presentes no texto original (ou pelo menos parte delas) ainda continuem latentes para quem souber procurar, contudo não perde de vista que O Mágico de Oz é, acima de tudo, uma divertida história com o raro dom de maravilhar tanto crianças quanto adultos. Ele desenvolve de forma adequada e sem pressa cada um dos personagens, fazendo com que o leitor se afeiçoe a eles e nos envolve na jornada da jovem Dorothy e seus companheiros, sem ter a necessidade de transformar tudo em uma jornada épica – o que seria mais do mesmo. O ritmo que ele estabelece em sua trama é delicioso, sendo perfeitamente apoiado pela arte detalhista e cheia de personalidade de Young. Nos extras do volume, os estudos de personagens com notas do artista indicam o tanto de elucubração e extrapolação que o desenhista dedicou à criação visual desses personagens que estão tão consagrados no imaginário popular graças ao filme de 1939, com Judy Garland.
Oz é um capa dura de altíssima qualidade que merece estar em qualquer estante do país. O volume saiu com alguns errinhos ortográficos (infelizmente), mas nada que comprometa a leitura ou que chegue a causar desgosto. De forma geral, a edição de Paulo França é muito bem cuidada e a decisão da Panini de trazer esta obra em formato tão luxuoso, embora audaciosa, talvez se justifique: O Maravilhoso Mágico de Oz faz parte de uma série da Marvel Comics que inclui diversas adaptações literárias, que vão desde os demais livros de Baum (feitas pelos mesmos autores), até material de luminares como Stephen King e Phillip K. Dick. Se a iniciativa for bem-sucedida (e esperamos que seja), pode ser que uma nova porta esteja sendo aberta no mercado editorial nacional, e que Oz não seja apenas uma iniciativa isolada.
Fica a dica, então, deste volume que consegue algo raro: equilibrar com singular excelência e propriedade todos os elementos que caracterizam e compõe uma história em quadrinhos.
Vi lá no ótimo Pipoca e Nanquim