O Massacre da Família Manson
Mais um filme que explora os assasinatos Tate-LaBianca
Vinte anos depois dos assassinatos da família Manson, Margot Lavigne (Brendee Green) se muda para a casa onde Sharon Tate (Sarah John) e seus amigos estavam hospedados na noite do crime, para que possa escrever e gravar seu novo disco.
No entanto, o ambiente da casa logo começa a afetar Margot, que se torna obcecada pelos crimes e passa a incluí-los nas suas músicas, até que ela percebe que não está completamente sozinha na casa.
O crime e a ficção
O Massacre da Família Manson usa como pano de fundo para a sua história os crimes da família Manson que aconteceram em agosto de 1969. A família Manson, liderada por Charles Manson e composta por uma série de jovens que tinham entre vinte e trinta anos, invadiu, na noite de 9 de agosto, a casa onde a atriz Sharon Tate, na época grávida de oito meses do cineasta, Roman Polanksi, e seus amigos, Jay Sebring, Abigail Folger e Wojciech Frykowsk, estavam hospedados, e matou todos eles e Steven Parent, um visitante de apenas dezoito anos. Na noite seguinte, a família Manson entrou na casa do casal Leno e Rosemary LaBianca e também assassinou os dois.
Aqui o crime já aconteceu há vinte anos e Margot resolve ir passar um tempo na casa onde Tate estava hospedada e começa a ver coisas estranhas e se sentir um tanto quanto obcecada por Manson (Ciaran Davies) e pelos crimes a ponto de isso interferir no seu trabalho, mas também acompanhamos alguns flashbacks não só da noite do assassinato, como também do que aconteceu antes disso.
Os crimes da família Manson são, muito provavelmente, um dos crimes reais mais famosos e conhecidos. Charles Manson é quase que automaticamente mencionado quando se fala em serial killer, embora ele não tenha executado nenhum desses assassinatos e sim, os planejado. Os crimes também representam o fim da esperança da década de 1960 e do movimento hippie, ao qual a família Manson é relacionada com uma certa frequência, já que eles viviam em uma espécie comunidade hippie, por isso, parece natural que ainda exista um grande interesse em relação a esse caso, mas é um tanto absurdo o quanto esses crimes são usados – e abusados – para a produção de roteiros que visam apenas o entretenimento, ainda que seja muito difícil se entreter com um crime tão brutal.
Só nos dez últimos anos foram produzidos vários filmes que usam a tragédia como pano de fundo para a sua trama, como por exemplo, As Discípulas de Charles Manson, Era Uma Vez em…Hollywood, A Maldição de Sharon Tate, O Perigo Bate à Porta e Manson Family Vacation. Ainda que o tema possa render trabalhos interessantes e que, claro, o público queira entender como um grupo de jovens com o futuro todo pela frente comete vários assassinatos chocantes, boa parte desses filmes não tem qualquer preocupação em investigar essas questões, mas sim, explorar a morte dessas pessoas de uma maneira que possa dar lucro. É o que acontece em O Massacre da Família Manson, que ainda dá um tom sobrenatural a um crime extremamente real e terrível.
A casa mal-assombrada
Mas O Massacre da Família Manson é diferente de boa parte dos filmes recentes que tratam sobre o assunto, não porque ele não explora esses crimes de maneira comercial, mas porque ele não é focado nem na família Manson, nem nas suas vítimas e nem na noite dos assassinatos.
O longa se passa vinte anos depois e acompanha uma mulher que se muda para a casa onde Tate estava hospedada quando foi assassinada. Margot, a protagonista, só quer escrever seu novo disco, mas claro, acaba perturbada pela casa e obcecada pelos crimes. No começo, ela só está interessada em pesquisar o que aconteceu ali, mas aos poucos os crimes começam a ser temas para as suas músicas e antes que perceba, Margot está sonhando com os crimes e vendo vultos e sombras pela casa.
O Massacre da Família Manson então, se coloca no subgênero dos filmes de casa mal-assombrada, o que é uma maneira ainda mais absurda de explorar um assunto tão sério. Aqui não só Tate e seus amigos são barbaramente assassinados, como também, supostamente, voltam para assombrar Margot, cujo único crime é alugar a casa que foi palco para os crimes. Mais do que isso, a casa vira uma daquelas casas de cinema onde uma série de tragédias aconteceram e onde as assombrações se acumulam.
Fica claro que a ideia do filme não é falar sobre os crimes ou trazer qualquer informação real sobre os acontecimentos, mas sim usar dessa tragédia para tentar assustar sua audiência com uma história de fantasma meia boca.
Aspectos técnicos de O Massacre da Família Manson
Este é um filme pequeno que até parece ser caseiro, fica claro que o filme teve pouca verba. Isso se reflete, por exemplo, nos figurinos, pois o longa tem algumas cenas de flashback que mostram a família Manson, e que, portanto, se passam nos anos 1960, mas não existe qualquer investimento no figurino, as roupas parecem atuais, mas com um perfume da década de 60.
Em função disso, também é difícil entender o que é flashback e o que não é, já que para além dos figurinos mal-feitos, também não existe mais nenhuma marcação que deixe claro em que época que estamos. O elenco é razoável, não chama a atenção, mas também não atrapalha o resultado do filme. Ciaran Davies é até parecido com Charles Manson e está bem caracterizado.
Outro problema de O Massacre da Família Manson é que as cenas de morte são muito falsas, é impossível acreditar no que está sendo mostrado, o que claro, tira a credibilidade de um filme que já tem vários outros problemas.
O Massacre da Família Manson não tem um bom roteiro, e leva totalmente para ficção um crime real que deveria ser representado de maneira mais respeitosa. As questões técnicas, que são de qualidade duvidosa, pioram ainda mais a experiência. Por fim, é difícil se divertir com um filme que transforma um crime terrível em uma história sobrenatural e que não tem qualquer preocupação com as vítimas e seus familiares.