O Paciente – O Caso Tancredo Neves
O longa O Paciente – O Caso Tancredo Neves, rodado entre novembro e dezembro de 2017, no Rio de janeiro, é um thriller que revela os detalhes que envolveram a misteriosa morte de Tancredo Neves. O filme tem Othon Bastos no papel do presidente eleito e Esther Goes, no de Risoleta, sua esposa.
“A produção nos transporta ao lugar de Tancredo naquele momento. Assim, ao longo das cenas, vamos vivendo tudo aquilo que ele viveu, suas angústias, medo e ansiedade quanto ao seu futuro como presidente e quanto ao futuro do país”, diz o diretor Sérgio Rezende, lembrando da comoção nacional que mobilizou o país em torno do estado de saúde de Tancredo, que tinha acabado de ser eleito “democraticamente” depois do longo regime militar brasileiro, em 1985.
O Brasil estava acabando de sair do regime da ditadura militar e Tancredo foi o último presidente escolhido pelo Colégio Eleitoral. Ele concorria então com Paulo Maluf, o preferido dos militares que estavam saindo do poder. “Tancredo Neves uniu o país duas vezes: primeiro pela esperança na democracia e depois na tragédia de sua morte, cujas circunstâncias nunca foram totalmente esclarecidas”, lembra Sérgio Rezende.
O Paciente – O Caso Tancredo Neves
O elenco principal conta com Paulo Betti (cirurgião Henrique Valter Pinotti), Otavio Muller (Dr. Renault Mattos Ribeiro), Leonardo Medeiros (Dr. Francisco Pinheiro Rocha) e Emilio Dantas como Antonio Britto, secretário de imprensa e assessor de Tancredo. Luciana Braga interpreta Ines Maria, filha de Tancredo e mãe de Aécio Neves, papel de Lucas Drummond. A produção é de Mariza Leão, com coprodução da Globo Filmes, Paris Filmes e Telecine. A distribuição será da Paris Filmes.
O eletrizante roteiro de Gustavo Lipsztein é baseado no livro homônimo do pesquisador e historiador Luis Mir. Depois de anos dedicados ao projeto, ele conseguiu ter acesso a documentos do Hospital de Base de Brasília e do Instituto do Coração, em São Paulo, onde Tancredo Neves morreu. Assim, em 384 páginas, ele apresenta muitos boletins e laudos médicos. Além disso, conclui que um erro de diagnóstico de apendicite aguda levou a equipe médica a realizar, desnecessariamente, uma cirurgia de emergência que o impediu de tomar posse. A partir dali, Tancredo não saiu mais do hospital e seu estado então só se agravou até o óbito, por falência múltipla de órgãos.
Além da política
O filme foi bem executado, afinal, se nos desligarmos da parte política da coisa, essa é a história de um homem que se preparou a vida inteira para um cargo e na véspera de assumi-lo, começa a se sentir mal, com dores abdominais terríveis que o levam ao hospital, para nunca mais sair com vida, após uma série de procedimentos médicos desencontrados. Pode-se dizer então que os médicos estavam vivendo uma guerra de egos e por se tratar de um homem tão importante para o país, eles estavam com os nervos à flor da pele.
Há também o lado da população, que ficou sem notícias de Tancredo por vários dias, espalhando boatos de que ele teria sido envenenado, ou que teria levado um tiro, pois a mídia a cada momento liberava uma informação diferente, como apendicite, diverticulite, etc, dificultando a crença dos brasileiros que aguardavam que o país melhorasse. Há ótimas imagens de arquivo para ilustrar o impacto que a morte de Tancredo causou no país.
O Paciente – O Caso Tancredo Neves revive as angústias, o medo e a ansiedade do político descortinando os mistérios que envolvem sua enigmática morte e revela assim, os bastidores médicos da história que abalou a política brasileira e modificou os destinos do país.