O Telefone do Sr. Harrigan

Monótono e desinteressado, O Telefone do Sr. Harrigan, filme de John Lee Hancock (diretor de Fome de Poder e Pequenos Vestígios), adapta mais um conto de Stephen King (que eu não li), sobre a relação de um jovem que lê toda semana para um idoso, até que ele falece, mas o garoto consegue “manter contato” com ele pelo celular.

Mas não pegue essa sessão esperando por um terror, sequer um suspense, pois o longa passa bem longe disso. Desenvolvendo um drama com trilhas melancólicas, com muito piano e violino, o enredo está mais interessado em mostrar como surgiu e se desenrolou essa relação (que toma todo o primeiro terço do filme), e aproveitar o gancho para falar sobre o início do vício humano nos smartphones (pegando o lançamento do primeiro Iphone como ponto de partida), o que até gera bons discursos a respeito disso, ainda que não vá muito além. Aliás, a parte “sobrenatural” da trama é rasa, morna e irrelevante.

Jaeden Martell tem bons momentos, mas é Donald Sutherland quem realmente se diverte por aqui; os demais do elenco não funcionam bem (especialmente o bullie, super estereotipado). Dessa forma, nessa história que se contenta com pouco e não tem nada a dizer, fica o questionamento: quanto será que King ou a Netflix ganharam da Apple por esse informe publicitário de 1h40 que é O Telefone do Sr. Harrigan?

Nota do editorial: neste caso, o filme ficou praticamente idêntico ao conto, pois o conto também é bem sem graça. Aos olhos de King, o autor, o filme ficou brilhante. O mestre do terror geralmente não gosta das adaptações que são feitas dos seus livros, pois elas acabam fugindo do que ele escreveu. Com O Telefone do Sr. Harrigan, no entanto, como o conto é meio chatão, o filme acabou ficou igual. Uma pena.

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