Objetos Cortantes – Minissérie
Adaptando o livro de Gillian Flynn, o diretor Jean-Marc Vallée traz para a minissérie Objetos Cortantes o estilo que o consagrou em Big Little Lies no ano anterior, colocando uma traumatizada jornalista, repleta de marcas da vida (metafóricas e literais), tendo de retornar para sua pequena cidade-natal, onde confrontará o passado, enquanto investiga o assassinato de duas meninas, no que parece ser um crime em série.
Amy Adams brilha com folga, em uma das melhores atuações de sua carreira, com uma protagonista ao mesmo tempo frágil e escrota, receosa e teimosa, sensível e grosseira, complexa no limite, que depois de duas perdas trágicas (a da irmã na infância e a de uma colega de internação), encontrará certo tipo de redenção nesse mistério, que esteve diante de seus olhos o tempo inteiro. Eliza Scanlen não fica muito atrás e entrega uma performance espetacular como a meia-irmã duas caras da protagonista. O elenco, num geral, mantém o alto nível de produção da HBO.
Com fotografia apurada e uma edição exemplar, a série mistura devaneios com lembranças e flerta com o sobrenatural (por mais que não aja nada de sobrenatural em sua trama), de maneira singular, fazendo jus ao título de thriller psicológico, que poucos autores conseguem realizar com excelência, mas Gillian Flynn domina essa arte, e Jean-Marc Vallée, também. Fique para a cena pós-créditos após o último episódio, porque ainda tem mais reviravolta para te pegar no contrapé.