Orgulho e Preconceito – O clássico de Jane Austen
Elizabeth Bennet é a segunda filha de uma família com outras seis filhas, todas dispostas a se casar da maneira mais rápida e melhor possível.
Quando Mr. Bingley, um solteiro cobiçado, se muda para a propriedade vizinha, todas elas ficam interessadas, mas ele parece gostar mais de Jane, a irmã mais velha de Elizabeth. No entanto, as interferências de Mr. Darcy, amigo de Bingley, separam o casal.
Elizabeth, vendo a tristeza da irmã, passa a desprezar Mr. Darcy, que nunca foi muito gentil com ela para começo de conversa. A personalidade difícil e orgulhosa de Darcy e de Elizabeth vai tornar a situação ainda mais complicada.
Elizabeth
Orgulho e Preconceito foi publicado em 1813 então, a maneira com que a personalidade de Elizabeth foi descrita é até surpreendente. Ela é a segunda filha de Mr. e Mrs Bennet, que tem mais seis filhas. As personalidades das garotas são diferentes, mas fica estabelecido que, enquanto Jane, a mais velha, é a mais bonita, Elizabeth é a mais inteligente.
Jane deve ser a primeira a se casar, não só por ser a mais bonita entre as irmãs, mas também porque é a mais velha. Entretanto, todas as meninas e a Mrs. Bennet são obcecadas por casamento, menos Elizabeth.
Quando ela conhece Mr. Darcy, os dois se estranham logo de primeira, e nem passa pela cabeça dela que ele a ache interessante, mesmo porque o comportamento de Darcy e a maneira com que ele trata Elizabeth mostram exatamente o oposto. Ela inclusive recusa um pedido de casamento de Darcy, porque acredita que ele atrapalhou o casamento de Jane e Bingley, mas a protagonista só faz isso porque, diferentemente de suas irmãs, não está obcecada com a necessidade de se casar.
A personalidade de Elizabeth é uma das coisas mais surpreendentes do livro, já que ela soa muito mais moderna que o ambiente em que vive.
O casamento
Um dos grandes assuntos de Orgulho e Preconceito é o casamento e, ao longo da trama, o leitor acompanha vários deles. A primeira frase do livro (“É uma verdade universalmente conhecida que um homem solteiro, possuidor de uma boa fortuna, deve estar necessitado de esposa”) dá o tom do que estamos prestes a ler.
Boa parte das personagens femininas estão esperando se casar e, dentro da trama, esses casamentos funcionam, muitas vezes, como moedas de troca e podem influenciar os futuros casamentos de outras mulheres da mesma família. Quando Lydia, uma das irmãs mais novas de Elizabeth, foge com Mr. Wickham, um homem de péssima reputação, a possibilidade da reputação de Lydia estar arruinada reflete em todas suas irmãs, inclusive em Jane, que estava sendo cortejada por Bingley.
Um casamento bem-sucedido, com um homem de posses, era uma grande vitória. Isso aparece no livro justamente porque na época de Jane Austen, o casamento era, de fato, visto como uma moeda de troca, especialmente para as mulheres. As filhas eram vistas como propriedades passadas para frente para os seus maridos que, assim, passavam a ser seus novos “donos”.
Curiosamente, todos os casamentos de Orgulho e Preconceito acontecem de acordo com as decisões das personagens femininas. É quase como uma maneira de falar sobre o mundo da época, onde as coisas eram exatamente o contrário.
Muito mais do que um romance
As obras de Jane Austen geralmente são consideradas livros que retratam histórias de amor, justamente porque boa parte das tramas circulam ao redor de questões como casamento e desilusões amorosas, mas não é bem essa a verdade.
Embora Orgulho e Preconceito passe boa parte do tempo falando sobre casamentos e todas as questões que dizem respeito a esse assunto, ele traz à tona outros temas, como as diferenças sociais, que aqui se dão através da possibilidade ou da impossibilidade de se casar com determinada pessoa.
Além disso, o livro tem personagens extremamente bem escritos, que não se enquadram em estereótipos típicos do gênero do romance. Elizabeth, por exemplo, é o exato oposto do que se espera dela, inclusive dentro da trama. E Darcy está bem longe do ideal de príncipe encantado.
O mais interessante é que tanto Darcy quanto Elizabeth são orgulhosos e têm dificuldade de assumir seus sentimentos um pelo outro. Isso faz com que o livro soe bem diferente de histórias de amor clichês e com personagens óbvios.
Orgulho e Preconceito na mídia
Não existe dúvida de que este é o livro mais famoso de Jane Austen e é justamente por isso que ele continua sendo relevante ainda hoje. A obra também já ganhou uma série de adaptações e releituras.
A história foi adaptada para o teatro várias vezes, e ganhou muitas releituras e versões literárias. Na televisão, a primeira vez que o livro ganhou uma adaptação foi em 1980, já em 1995, uma das versões mais famosas chegou a TV: a série da BBB, estrelada por Jennifer Ehle e Colin Firth. Mais recentemente, a web série The Lizzie Bennet Diaries trouxe a história de Austen para o colegial dos dias de hoje e, em 2018, a novela Global Orgulho e Paixão se inspirou profundamente no universo de Austen.
No cinema, a obra ganhou outras adaptações igualmente conhecidas, como o filme de Joe Wright, de 2005, estrelado por Keira Knightley e Matthew Macfadyen, mas a primeira versão data de 1940, e a obra também foi adaptada em 2003, em 2004, com o filme bollywoodiano Noiva e Preconceito, e em 2016, com Orgulho e Preconceito e Zumbis, filme inspirado no livro de mesmo nome.
Todas as obras de Austen carregam a fama de serem bobinhas e de retratarem histórias água com açúcar. No entanto, quando se conhece as tramas mais profundamente, é possível notar que a autora tentava passar questões muito mais relevantes através de histórias que parecem simples. A importância de Orgulho e Preconceito é inegável, e o fato da leitura ser prazerosa e do livro discutir temas que dizem respeito à época da autora, são fatores que o tornam ainda mais relevante.