Planeta dos Macacos: O Confronto
Obra-prima do cinema moderno funciona tanto como continuação quanto prelúdio e entrega uma história que funciona per se
Depois do extraordinário filme de origem em 2011, Matt Reeves assume as rédeas da franquia, respeitando o tom estabelecido por Ruper Wyatt anteriormente, mas trazendo sua própria personalidade em Planeta dos Macacos: O Confronto.
Esta é sua primeira grande produção – depois do início tímido mas competente em “Cloverfield – Monstro” e “Deixe-me Entrar”. Fazendo bom uso da computação gráfica (impecável, nenhum símio parece artificial por aqui), o diretor também acerta a mão em desenvolver os personagens em tela, tanto humanos quanto macacos, em uma narrativa que compreende seu “lugar do meio” nessa trilogia de sucesso.
Planeta dos Macacos: O Confronto
Portanto, o destaque fica para Andy Serkis, que brilha da mesma maneira como foi com Gollum, criando um dos maiores personagens da cultura pop atual. César carrega no olhar e nas emoções que transmite mais humanidade e naturalidade que qualquer outro ator em tela; mas isso não desmerece o grande trabalho de Jason Clarke, parte do coração do filme, com seu elenco humano, ainda bem composto por Kodi Smit-McPhee e Gary Oldman, apenas operantes.
Toby Kebbell assume um de seus melhores papéis como Koba, o chimpanzé que se rebela contra o sensato líder e aplica um sistema ditatorial sobre humanos e até entre os seus.
Mesmo com um antagonista evidenciado, o roteiro preciso e equilibrado acerta ao não trabalhar um tipo de maniqueísmo, que jamais poderia funcionar numa trama tão pé no chão e complexa como essa. Koba, afinal, é fruto do sistema. Diferentemente de César, que foi criado e amado por humanos, o outro macaco era um verdadeiro espécie de laboratório. Ele guarda em cada cicatriz os traumas de seu passado perverso.
E que confronto!
Portanto, ainda que jamais aceitável, seus atos são justificados pela dor e não pela ganância ou sede de poder – algo que, posteriormente ele também cede, aproximando assim os símios dos homens em vários aspectos –, neste discurso inteligente que o texto traz.
Equilibrando momentos de paz com sequências de brutalidade dos confrontos, com pequenas doses de amor e de diálogos bem escritos, Planeta dos Macacos: O Confronto tem uma direção consistente durante toda sua rodagem, que discursa com nossa situação atual mais do que nunca, à medida que entrega uma história poderosa sobre empatia, respeito e amizade. Mas, seja no planeta dos macacos ou da humanidade, sempre existirá uma faísca para rachar a paz e trazer a guerra. O mal é inevitável, ainda que a esperança more ao lado.