Por Lugares Incríveis, com Elle Fanning
A diferença entre tristeza e depressão
Baseado no livro homônimo de Jennifer Niven (que co-roteirizou junto de Liz Hannah), lançado há pouco tempo (no Brasil pela Seguinte), Por Lugares Incríveis narra a história de uma garota que não sabe como lidar com o luto pela perda trágica da irmã, quando conhece de maneira inusitada um rapaz que parece levar bem a vida. Aproximados insistentemente por parte dele e através de um trabalho escolar, tentam redescobrir juntos os bons momentos da existência.
A fórmula, então, estava pronta para Brett Haley (diretor de “O Herói”) se deleitar em um longa sensível e tocante que desperta muita familiaridade no público. Apesar da produção seguir na toada de outras adaptações do tipo (geralmente oriundas das obras de John Green – este, por sua vez, um variante de Nicholas Sparks, trocando os conflitos sociais ou familiares por problemas de saúde dos mais variados, do câncer à paraplegia), muitas vezes se parece mais como uma versão moderna de “Meu Primeiro Amor”, que busca em meio ao romance jovem-adulto evidenciar depressão, manias, luto, bulimia, bullying e autoflagelação tudo num mesmo pacote, sem que isso soe forçado.
Por Lugares Incríveis
O único ponto fora da curva mesmo é o romance entre a dupla protagonista, que nunca parece ser verdadeiro, apesar de funcionar em tela. Da parte de Theodore Fitch, é algo mais semelhante a uma cisma que evolui para obsessão, enquanto que Violet Markey parece superar muito facilmente sua longa dor, à medida que cria um laço empático com seu salvador, mas que não exatamente seria uma paixão romântica. A quem acredite que sim, pois então.
Elle Fanning, para variar, brilha com facilidade em mais um papel dramático e desenvolve boa química com Justice Smith, que vem de uma carreira cheia de papéis duvidosos (como nos medianos “Jurassic World: Reino Ameaçado” e “Pokémon: Detetive Pikachu”) e encontra aqui sua melhor atuação, criando uma figura tridimensional e complexa, que começa a deixar sua máscara de sorriso cair pouco a pouco até um evento inevitável nesse tipo de produção. Mesmo que o desfecho se prolongue demais até o ponto de ficar piegas, as intenções da obra foram atingidas. Os temas, debatidos de maneira precisa. E as lágrimas, é claro, descerão bochechas abaixo.