Quem Vai Ficar com Mário? – Comédia nacional divertida

Mário (Daniel Rocha) vive no Rio de Janeiro com seu namorado, Fernando (Felipe Abib) e os dois trabalham em uma companhia de teatro, mas sua família, que vive no Sul, não sabe de nada disso.

Em uma viagem para casa, ele resolve que vai se assumir para o seu pai (José Victor Castiel) e contar sobre Fernando mas, antes de tudo, seu irmão, Vicente (Rômulo Arantes Neto) conta para a família toda que é gay, causando um rebuliço e deixando Mário sem palavras.

Enquanto isso, Mário começa a se sentir atraído por Ana (Letícia Lima), uma coach contratada para modernizar a fábrica de cerveja de família. Mário então, tenta balancear Fernando e Ana, ao mesmo tempo que tenta se entender e contar toda a verdade para a família.

Quem Vai Ficar com Mário? é a versão brasileira do filme italiano O Primeiro que Disse.

Quem vai ficar com Mário?

O protagonista do filme é, naturalmente, Mário. Ele vive no Rio de Janeiro com seu namorado de longa data, Fernando, com quem ele também divide uma companhia de teatro, onde Fernando trabalha como diretor e Mário como dramaturgo. Embora ele seja assumido entre seus amigos, sua família não faz ideia de sua orientação sexual, da existência de Fernando e acha que ele estuda administração.

No começo, o protagonista está se questionando se deve se assumir para o seu pai que, na realidade, não sabe quase nada da vida do filho. Ele é incentivado por Fernando e pelos colegas da companhia de teatro mas, quando chega na sua cidade natal, fica na dúvida se deve seguir com os planos.

Vicente, o irmão mais velho de Mário, se assume antes dele e o pai dos dois tem um ataque que o leva ao hospital, por isso, Mário não consegue fazer o mesmo e, nesse meio tempo, conhece Ana, por quem ele começa a se sentir atraído, sem entender como, já que ele se identifica como um homem gay.

Quem Vai Ficar com Mário? traz à tona alguns temas interessantes e que podem fazer com que a plateia se identifique, como a dificuldade em se assumir para a família, não só em relação à sexualidade, já que Mário não conta para o seu pai qual é a sua verdadeira profissão, e a tentativa do protagonista de tentar se entender.

A família

Outro elemento importante no longa é a família de Mário, que é retratada como muito tradicional e conservadora. O pai faz comentários machistas e homofóbicos e não aceita que sua filha Bianca (Elisa Pinheiro) cuide da empresa, só porque ela é mulher. Quando ele fica sabendo que Ana é a coach contratada, ele acha ruim e faz comentários absurdos sobre a dificuldade de ela arrumar marido ou de criar filhos trabalhando tanto assim.

Para Mário, que não vê a família há anos, todos eles parecem retrógados, mas conforme nos aproximamos deles percebemos que não é bem assim. Vicente também se assume como gay, e tanto a avó (Amélia Bittencourt), quanto Bianca não parecem se incomodar tanto assim com a sexualidade de Mário.

As reações do pai muitas vezes parecem muito exageradas e fora de época, mas fazem sentido dentro do contexto onde o personagem está inserido e tem lógica no filme. Além do mais, a evolução dele durante o longa passa uma mensagem importante para a plateia.

Como o fato de sua família não saber quem ele é incomoda muito Mário, essa é uma questão relevante, já que o protagonista nunca conseguiu ser ele mesmo com seus familiares, o que pode ressoar em muitas pessoas LGBTQIA+.

Aspectos técnicos de Quem Vai Ficar com Mário?

A comédia é inspirada no filme italiano “O Primeiro que Disse”, mas para fazer sentido dentro da realidade brasileira, ele ganhou uma série de adaptações e funciona bem. O filme parece ter sido pensado originalmente para o Brasil e só quem já viu a versão italiana irá reconhecer as semelhanças. Quem Vai Ficar com Mário? acrescenta os personagens Kiko (Victor Maia), Xande (Nando Brandão) e Lana (Nany People), criada especialmente para Nany People.

O roteiro é rocambolesco, mas isso não é um problema, já que ele coloca seus personagens em situações divertidas e que a plateia entra rapidamente na trama e consegue acreditar no que está acontecendo. É importante também ressaltar que existe bastante representação da comunidade LGBTQIA+, tanto na sua produção e elenco, quanto entre os seus personagens: acompanhamos histórias de pessoas gays, bissexuais e transgêneras.

Daniel Rocha se sai muito bem no papel de Mário, sem exagerar e sem cair em estereótipos óbvios e ofensivos. A plateia rapidamente simpatiza com seu personagem e passa a torcer por ele. Nany People também é uma adesão interessante ao filme, que deixa tudo mais divertido, mesmo quando passa mensagens sérias e importantes. Daniel Rocha e Felipe Abib têm muita química, por isso acreditamos e gostamos do casal.

E o que mais?

O que temos é um filme divertido, que trata de temas importantes e dos quais precisamos falar mesmo que seja através do riso e da comédia. O filme não apela para zombaria ou piadas preconceituosas, o que é ótimo. Eventualmente cai em alguns estereótipos que poderiam ter sido evitados, mas deixa claro que as intenções são boas, já que posiciona os personagens homofóbicos como errados fazendo com que eles evoluam ao longo da trama.

Quem Vai Ficar com Mário? é um filme de protesto que vai mudar o mundo? Não, mas ele é um longa que passa uma mensagem importante para um grande público, ao mesmo tempo que diverte e isso já é uma grande coisa. O filme chega aos cinemas no dia 10 de junho.