Razão e Sensibilidade, livro de Jane Austen

Uma história de amor com questões mais profundas

Quando Mr. Dashwood morre, suas três filhas (Elinor, Marianne e Margaret) e sua segunda esposa perdem a propriedade dele, que fica com seu filho do primeiro casamento, John.

Rebaixadas de classe social e se sentindo mal na casa em que costumavam viver e que agora pertence a John e sua esposa Fanny, as mulheres se mudam e tentam abrir seu caminho em um mundo que não as favorece em nada.

Elinor e Marianne

A morte de Mr. Dashwood afeta as quatro mulheres da sua vida, mas Razão e Sensibilidade é focado em Marianne e, em maiores medidas, Elinor.

Cena da adaptação de 1981 de Razão e Sensibilidade
Cena da adaptação de 1981

As duas irmãs representam exatamente as duas palavras que dão título ao romance. Elinor, a mais velha, é calma, inteligente e centrada. Ela pensa com realismo em sua vida e no caminho que suas ações e as ações dos outros a estão levando. Já Marianne é romântica, apaixonada, expressiva e não pensa muito nas consequências dos seus atos. Enquanto Elinor parece não pensar em romances ou na possibilidade de se casar, Marianne só sonha com isso. Elinor é a razão e Marianne é a sensibilidade.

No entanto, em determinados momentos do livro, a personalidade das irmãs se mistura e uma começa a demonstrar características que são mais comuns à outra. É natural que o leitor se sinta inclinado a simpatizar com Elinor, que é a protagonista e que tem muitas semelhanças com Elizabeth Bennet, protagonista de Orgulho e Preconceito e que ache Marianne fútil e desmiolada, mas não é essa a ideia que Austen queria passar.

O livro é quase um estudo da autora sobre o que, de fato, é melhor e como a personalidade das irmãs muda com o tempo. Pode-se quase assumir que nem a própria Austen conseguiu chegar a nenhuma conclusão, uma vez que as duas irmãs se metem em problemas e tem momentos de alegria.

Razão e Sensibilidade ganhou várias adaptações
Razão e Sensibilidade ganhou várias adaptações

A situação da mulher

As obras de Austen ganharam a fama de serem romances água com açúcar focados basicamente em relações amorosas. Isso não é verdade e, em muitos aspectos, é um rótulo até injusto, já que a autora é crítica em diversos momentos e faz reflexões importantes sobre a situação da mulher na época em que viveu.

Isso também acontece em Razão e Sensibilidade. Aqui acompanhamos duas irmãs que, até a morte do pai, viviam bem e tinham perspectivas de casamento satisfatórias, uma vez que, nesse período, o casamento se baseava muitas vezes em conveniência, em poder social e em reputação familiar. Quando Mr. Dashwood morre, sua viúva e suas três filhas perdem tudo e passam a fazer parte de uma classe social mais baixa, o que diminui consideravelmente suas perspectivas.

Quando Edward Ferrars, irmão de Fanny, demonstra interesse em Marianne e Mrs. Dashwood manifesta sua esperança de que eles se casem, Fanny, que é em parte responsável pela desgraça das mulheres Dashwood, comenta que Edward jamais se casaria tão abaixo dele. Já Marianne toma caminhos distintos e se envolve com John Willoughby, um “sedutor”, que lhe engana e lhe faz falsas promessas.

As irmãs Dashwood no filme de 1995
As irmãs Dashwood no filme de 1995

Até as escolhas românticas das duas irmãs refletem o título do livro e suas personalidades. Elinor se recusa a estimular o casamento com Edward, mesmo que no seu íntimo deseje que isso aconteça e que o interesse dele soe verdadeiro e Marianne está disposta a se jogar em um romance no qual tem poucas garantias e onde ela não tem nada a ganhar, mas muito a perder.

Temas comuns

Razão e Sensibilidade também tem muitos temas que são bem comuns às obras de Austen. Como boa parte dos livros da autora, este apresenta uma protagonista inteligente e centrada que, diferentemente das outras personagens femininas do livro, não está, aparentemente, interessada em se casar. Essa protagonista, no entanto, esbarra no amor meio sem querer e, orgulhosa ou cautelosa, não tem coragem de assumi-lo, embora para o leitor essas relações estejam claras.

Os romances de Austen também apresentam confusões românticas que muitas vezes parecem saídas de romances adolescentes, onde a protagonista gosta de um rapaz que ela tem a impressão que gosta de outra e onde o rapaz acha que a protagonista não tem nenhum interesse nele. Isso acontece com Elinor e Edward em Razão e Sensibilidade, Elizabeth e Darcy em Orgulho e Preconceito e Emma e George Knightley em Emma.

Cena do filme Kandukondain Kandukondain
Cena do filme Kandukondain Kandukondain

A situação das mulheres na época também é um assunto comum, embora seja retratada de maneira diferente nesses três romances. Elizabeth está em uma posição melhor que Elinor, embora não seja rica; e Emma é uma mulher rica que não precisa se casar. Em uma fala famosa do romance, ela deixa claro que nunca vai ser considerada uma solteirona, justamente por ser rica.

O casamento é o ponto mais comum de todos esses romances, embora não necessariamente o de suas protagonistas, mas esses casamentos geralmente são usados como formas de falar sobre a sociedade em que a própria Austen vivia.

Razão e Sensibilidade na mídia

Jane Austen é adaptada para o cinema com certa frequência, muito possivelmente porque seus livros, embora descrevam uma época especifica, tratam de assuntos universais. O casamento não precisa mais de tantas firulas, mas as relações românticas e pessoais continuam complicadas.

Cena da versão modernizada de Razão e Sensibilidade, Sem Prada Nem Nada
Cena da versão modernizada Sem Prada Nem Nada

Razão e Sensibilidade foi adaptado para o rádio em 2013 e para o teatro em 2013, 2014 e 2016. Na literatura, ganhou versões e releituras, como Razão e Sensibilidade e Monstros Marinhos, de Ben H. Winters.

Já na televisão, o livro ganhou sua primeira adaptação em 1971, depois em 1981 e, mais recentemente, em 2008. No cinema, a sua versão mais famosa é o filme de 1995, estrelado por Emma Thompson e Kate Winslet, mas também ganhou uma versão indiana no filme Kandukondain Kandukondain e uma versão modernizada chamada Sem Prada Nem Nada.

Razão e Sensibilidade não foge ao estilo de Austen e traz questões que são comuns à sua obra e que vão agradar os fãs da autora, mas também traz reflexões que ultrapassam essa bolha e que fazem do livro não só um clássico, mas também um retrato da sua época.

Nome Original: Razão e Sensibilidade
Autor: Jane Austen
Editora: Martin Claret
Gênero: Romance
Ano: 1811
Número de Páginas: 400

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