Relíquia Macabra – Uma boa surpresa
Não deixe o título nacional cafona e idêntico a um filme de 1941, de John Huston e Dashiell Hammett (na verdade seria “O Falcão Maltês“) confundir você. Essa história aqui, este Relíquia Macabra, é de horror e é muitíssimo competente.
Inclusive, o nome de Natalie Erika James, que co-escreve e dirige aqui, tem de ser anotado para projetos futuros. A cineasta guarda muitos talentos, desde as tomadas mais artísticas, até o uso do silêncio como ferramenta para criação de atmosfera sufocante.
Relíquia Macabra
Sem jamais fazer uso do malfadado jumpscare, Natalie Erika investe nos closes ou planos mais fechados, com transições suaves que se adiantam a cena anterior e deixam o enredo se desenvolver, sempre mantendo os mistérios no ar, até o arrebatador desfecho, que mistura claustrofobia com pesadelo, em uma marca singular, daquela identidade riquíssima e refinada — e também desesperadora, sem histerias — que vem se formando no cinema do gênero nos últimos anos, a exemplo de Hereditário, A Bruxa e Sombras da Vida.
A trama mesmo não acaba dizendo muita coisa do que está acontecendo e nem precisa. O elenco forte e entrosado com três grandes mulheres de gerações distintas, formada por Emily Mortimer, Bella Heathcote e Robyn Nevin consegue sustentar todo o longa nas costas, com atuações firmes e críveis entre os dramas de mães e filhas e os segredos do legado entre quatro paredes. Recomendadíssimo.
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