RRR: Revolta, Rebelião, Revolução
Uma jornada de amizade implacável, em um épico sem precedentes
O cinema indiano não se resume só a Bollywood, por isso não deixe seu preconceito imperar e dê uma chance a RRR, uma das maiores produções desse ano, que nos situa na Índia pré-independência, colocando um guerreiro corajoso em uma missão de resgate, encontrando um policial durão que serve ao exército britânico.
RRR é muitas coisas e todas elas servem ao filme, da narrativa espetacular, aos efeitos especiais suntuosos, com sequências de ação que deixam John Wick no chinelo, ou que sabem atrelar seu pano de fundo com relevância juntamente do CGi (algo que Avatar é incapaz de atingir), com personagens extremamente envolventes (a amizade que Ram Charan e N. T. Rama Rao desenvolvem vai além das telas e supera o que vemos com Naruto e Sasuke), causas poderosas servindo de objetivos fundamentais (o resgate de uma criança nativa pelas mãos dos colonizadores; ou a vingança de um homem pela sua comunidade massacrada a custo de nada), tudo isso embalado em um produto pop à altura de um filme do MCU (que sabe conduzir muito bem especialmente suas sequências eletrizantes, com cada frame se amarrando perfeitamente ao seguinte), tal qual o cinema que Timur Bekmambetov nos apresentou nos anos 2000 (com Guardiões da Noite e O Procurado). Tal qual 300, o recorte histórico ganha contornos fantásticos e absurdistas em favor do espetáculo. Tal qual Jackie Chan e Jet Lee em dinâmica de dupla. S. S. Rajamouli é o diretor mais bem pago da Índia e esse filme justifica os motivos.
RRR é Rambo. É O Último Samurai. É Mad Max: Estrada da Fúria. É Dragon Ball. É Coração Valente. É Velozes e Furiosos. É Batman v Superman. É Bastardos Inglórios. É Resident Evil. É SuckerPunch e Vingadores Ultimato. RRR é tudo isso e ao mesmo tempo é algo muito próprio, particular, que tem sim lá suas canções aqui e ali (mas muito menos do que qualquer animação da Disney); suas letras ajudam a contar a história de uma bela amizade marcada pela cisão, mas que sempre guarda uma reviravolta.
Cada ator, inclusive figurante, está empenhado em entregar o seu melhor, em interpretações novelescas (muito comuns de produções mexicanas e asiáticas, aliás), que evocam esse viés exagerado e teatral que é tão crucial para a compreensão do épico. Um épico sem igual, emocionante, dinâmico, repleto de energia e voracidade, e muito coração. Há paixão em cada frame. Fúria, força e suor. Sangue e violência brutal. RRR é catártico, envolvente e singular. Perder uma sessão de RRR é abdicar de parte da sua alma. Espetacular.