Se Beber, Não Case! Parte III – O final da trilogia
É assustador notar a decadência de uma franquia tão divertida, culminando em um terceiro filme completamente descaracterizado e medíocre como este. Pode-se dizer que Todd Phillips, de certa maneira, reinventou a comédia pastelão com o primeiro e já cult (por que não?) longa, extremamente engraçado, repleto de boas sacadas e identificável para muitos com amnésia alcóolica (eu que o diga!).
O segundo filme já apresentava a canseira da fórmula (aquele tipo de piada que não dá para contar duas vezes, sabe?), mas ao menos conseguia repetir alguns elementos e se sustentar até onde dava. Este terceiro, por outro lado, abre mão de todos os signos que configuravam Se Beber, Não Case! para uma jornada esquisitíssima e sem graça envolvendo uma missão criminosa, onde inclusive o diretor começava a dar seus sinais que estava perdendo o tato para o humor e abraçando o lado mais violento (que depois apresentaria no médio Cães de Guerra e no ótimo, mas superestimado Coringa), incluindo assassinatos que soam discrepantes do começo ao fim.
Se Beber, Não Case! Parte III
Os erros começam quando o roteiro quer investir muito na figura do Sr. Chow de Ken Jeong, que sempre foi uma piada pontual e jamais conseguiu demonstrar potencial para sustentar muito mais além disso (como já foi provado em sua insossa passagem pela parte II) e também no uso falho e artificial dos 48 FPS (o mesmo de O Hobbit e em ambos os casos tudo fica ainda mais falso com tanta resolução).
No mais, Bradley Cooper e Ed Helms estão ali pela força do contrato, não da vontade, e tem pouco a fazer, sobrando ao sempre certeiro — mas já desgastado — Alan de Zach Galifianakis, os melhores momentos, já que os holofotes caem sobre ele de vez.
Assim, essa parte III encerra de maneira exaustiva e desesperadora um dos melhores filmes-solo de humor da década passada.