Sra. Harris vai a Paris
Um conto de fadas na alta-costura
Ada Harris (Lesley Manville) é uma viúva inglesa que trabalha como faxineira, e que depois que vê um vestido Dior de uma de suas clientes (Anna Chancellor), resolve que quer ter um também.
Ela junta todo o dinheiro que tem e viaja para Paris. Quando chega lá, ela se depara com o lançamento da coleção de 10 anos da grife e, apesar da má vontade de Claudine Colbert (Isabelle Huppert), a diretora da Dior, Ada consegue encomendar seu vestido, mas logo vai perceber que não é tão fácil assim levá-lo para casa.
Protagonismo diferente
Um dos diferenciais de Sra. Harris vai a Paris é justamente sua protagonista, isso porque estamos acostumados a acompanhar histórias que retratam protagonistas jovens, na casa de seus vinte e trinta anos. Sra. Harris vai a Paris toma caminhos diferentes.
A protagonista do filme é Ada Harris, uma viúva de mais de 60 anos que trabalha como faxineira, que um dia, depois de ver um vestido Dior de uma de suas clientes, resolve que vai ter o seu próprio vestido. A trama, por si só, parece um pouco pueril e realmente é, mas existe uma sensação de bem-estar nessa história quase de Cinderela, onde a protagonista é tão diferente do que esperávamos.
Ada não só já é uma senhora, de quem a plateia não espera o sonho, até fútil, de ter um vestido, como também é de classe média baixa, vive longe de Paris, e também se sente invisível com frequência, seus patrões parecem não a ver, os homens que ela encontra pelo caminho só prestam atenção nas mulheres mais jovens e quando ela sai para dançar, passa boa parte da noite sentada, mas o vestido ideal, claro, pode mudar isso.
Quase um conto de fadas
O filme trabalha em um universo quase fantástico, que dá à produção ares de conto de fadas, desde a ideia de que o vestido certo pode mudar completamente uma mulher e lhe trazer confiança, até a maneira com que a trama se desenvolve. A primeira parte do filme, no entanto, é muito calcada na realidade, a plateia é apresentada à rotina de Ada e descobre que o marido dela, Eddie, que foi para a guerra e não voltou nunca mais – o filme se passa em 1957 -, está, de fato, morto.
A partir do momento que Ada ganha um prêmio pequeno na loteria, as coisas passam a se resolver de maneira relativamente rápida e quase mágica, tudo dá certo e logo Ada está em Paris. Na Maison Dior, por outro lado, Ada encontra mais dificuldades: a diretora do local despreza Ada e faz de tudo para que ela não consiga sequer ver os vestidos e uma das clientes, Madame Avallon (Guilaine Londez), é extremamente grosseira e se recusa a sentar ao lado de Ada.
Mas Ada também faz amizades e conquista pessoas, como o contador André Fauvel (Lucas Bravo), que oferece o apartamento dele para ela pernoitar na cidade enquanto o vestido não fica pronto, e Natasha (Alba Baptista), a principal modelo da casa. É como se Ada contagiasse boa parte das pessoas que cruzam o seu caminho.
O clima de conto de fadas, ainda que seja pouco realista, faz sentido, estamos acompanhando a história de uma mulher que sai em busca de seu sonho e é ótimo ver as coisas dando certo para ela.
Aspectos técnicos de Sra. Harris vai a Paris
O roteiro é simples, mas é interessante. O primeiro aspecto diferente nele é o fato de a trama acompanhar uma personagem não muito usual, que normalmente não ganha o protagonismo. A maneira com que a história se desenrola não é muito realista, mas não é essa a ideia do filme.
Basicamente Sra. Harris vai a Paris é um filme que segue uma mulher que quer comprar um vestido da Dior, ainda que isso pareça surreal. O longa não tem intenções de se aprofundar muito, mas tem um discurso interessante sobre a importância de perseguir seus sonhos.
Um dos aspectos que chamam a atenção no filme é, naturalmente, os figurinos e os vestidos que vemos na Maison Dior, que são deslumbrantes. Sra. Harris vai a Paris é um prato cheio para quem gosta de moda – que vai entender por que Ada sonha tanto com o vestido da Dior -, isso porque não só os vestidos de alta-costura são lindos, mas os vestidos que Ada usa no dia a dia também são muito bonitos e todos eles desfilam em cena e ganham muito destaque. Sra. Harris vai a Paris também mostra como funciona a Dior nos bastidores, a plateia assiste a cenas de costura, de bordado, de desenho e de vários outros processos que fazem parte da fabricação das roupas.
Também é muito fácil simpatizar com Ada, o que é um mérito da atuação de Lesley Manville, que domina o filme. Alba Baptista e Isabelle Huppert também se saem muito bem.
Sra. Harris vai a Paris é um daqueles filmes que fazem a audiência sair da sala de cinema com um sorriso no rosto, mesmo que alguns aspectos da trama soem um pouco irreais, as roupas maravilhosas e que enchem os olhos são um bônus. O filme chega aos cinemas no dia 24 de novembro.