TAU (2018), um clichê da inteligência artificial
Sequestrada por um inventor que a faz de cobaia para aprimorar um sistema de inteligência artificial robótica, uma jovem tenta fugir de seu cativeiro de alta tecnologia, em mais uma produção exclusiva da Netflix. Para tal produção, colocaram a bonitinha e esforçada Maika Monroe (revelada no ótimo Corrente do Mal) como uma ladra e prostituta que acaba nas mãos do sociopata milionário e gênio da tecnologia vivido pelo sempre fraco Ed Skrein (uma versão piorada de James Marsden, que também nunca foi lá essas coisas). Não sei porque continuam insistindo neste ator, mas ok, aqui ele tenta interpretar uma figura séria e sombria, que ao mesmo tempo desenvolve uma estranha relação com sua cativa.
A grande proposta do roteiro, porém, é a relação que a moça desenvolve com TAU, o AI que comanda todas as funções da casa, os simpáticos drones e o assustador robôzão Ares, sendo cúmplice dos terríveis experimentos que o homem conduz em seu laboratório e prisão construídos especialmente para pessoas a margem da sociedade. Mesmo que o cara nunca convença em seu perfil enrijecido e robótico até mais do que o próprio AI dublado por Gary Oldman (que faz o que pode para transmitir uma certa carga emocional ao instrumento), a garota consegue conduzir o filme até seu esperado desfecho.
Com exceção de suas belas pernas (que o roteiro sempre encontra um jeito de desnudar), e dos argumentos existencialistas que a máquina passa a aprender (ainda que clichê, funcionam na proposta), pouco se salva na sessão, num filme que parece ter sido feito a toque de caixa, apenas para cumprir algum requisito. O CG também é pobre, mas aceitável.
Não chega a ser um longa ruim, mas também é esquecível. E o que sobrevive das ruínas, não é muito diferente do que entrou quando tudo aquilo ainda era uma grande casa. Não existe transformação, já que tudo continua igual, mesmo após tudo o que se desenrolou. Mas posso estar me enganando, afinal TAU certamente sofreu alguma evolução crível ali, e nossa tecnologia atual não poderia estar mais próxima.
