The Boys Apresenta: Diabólicos – 1ª temporada

Completamente brutal, visceral e sem noção, os oito curtas animados produzidos pelo Garth Ennis para The Boys Apresenta: Diabólicos conseguem divertir e entregar uma grande qualidade técnica em suas animações, com estilos que variam do cartum sessentista (à lá Hanna-Barbera) ao anime, passando por variações melhoradas do que vimos em Invencível, por exemplo.

“O Passeio do Bebê Laser” é muito legal, justamente por evocar os clássicos que víamos quando crianças, com doses cavalares de sangue por minuto (com toque certeiro de Seth Rogen e Evan Goldberg no roteiro), enquanto que “Um Curta Animado Onde Alguns Super Zangados Matam seus Pais” lembra o melhor do que a MTV produziu nos anos 1990. “Eu Sou seu Traficante” sai direto das páginas das HQs (por isso os personagens são idênticos ao do gibi, não da série, o que causa um estranhamento imediato).

The Boys Apresenta: Diabólicos – 1ª temporada

“Boyd do 3D” é provavelmente o melhor curta, fazendo uso do composto químico da Vought para elaborar uma trama onde coloca um casal que sofre com a distorção da auto-imagem (a maneira como veem a si e aos outros), entorpecidas pela irrealidade, ao invés de ver o que realmente importa (é quase um Black Mirror… ou Love, Death + Robots). A Awkwafina escreve o fofo e bizarrinho “BFFs – Melhores Amigas”, usando e abusando dos cacoetes dos animes, de uma menina que tem em seu cocô falante uma melhor amiga.

“Núbio Versus Núbia” e “John e Sun-Hee” (roteirizado pelo queridão Andy Samberg) são chatérrimos e não dizem a que vieram. O primeiro coloca um casal em crise e flertes pedófilos, e o segundo trata de um câncer monstruoso, ambos lidando, cada qual à sua maneira, com temas de mal gosto. Por fim, “Um Mais Um É Igual a Dois” é o único curta considerado pelos produtores como importante para quem for assistir a terceira temporada da série, já que coloca o Capitão Pátria perdendo a mão pela primeira vez em uma missão, e como Black Noir lida com isso.

No geral, o saldo é positivo e não toma mais do que uma hora e pouco da vida do espectador. Dada a qualidade técnica e o descompromisso proposto, é uma experiência válida.