The Plot Against America – 1ª temporada
Inspirada no livro de Philip Roth
The Plot Against America é inspirado no livro “Complô Contra a América”, de Philip Roth. Ambientado em uma América alternativa, que acabou de eleger Charles Lindbergh (Ben Cole), o aviador que se mostra um político populista com ideias antissemitas, acompanhamos através dos olhos de Herman Levin (Morgan Spector), Bess Levin (Zoe Kazan) e seus dois filhos, enquanto o governo se torna cada vez mais ditatorial e a família perde cada vez mais direitos.
A minissérie tem como premissa falar de uma América imaginada nos anos 1940, que acompanha o avanço de Adolf Hitler na Alemanha. Entretanto, ao mesmo tempo se vê de frente para uma eleição com dois candidatos bem opostos, no seu próprio país. A ideia por si só, não é exatamente nova. Existem várias obras que reimaginam como seria o mundo se algum evento histórico fosse diferente, mas essa tem um diferencial, pois não se passa no futuro e sim, no passado.
The Plot Against America
A trama se ambienta na década de 1940, muito próxima da segunda guerra mundial, e em uma época onde, na teoria, as pessoas não tinham conhecimento de tudo o que nazismo acarretava e onde elas certamente não tinham o distanciamento histórico para tentar compreender os acontecimentos do holocausto.
A partir dessa ideia, ela coloca Charles Lindbergh, uma personalidade real que, de fato, era muito popular e era considerado um herói por todos, mas que tinha simpatia pela ideologia nazista, como um dos candidatos à presidência dos Estados Unidos e, mais tarde, como o ganhador e tudo que isso acarreta.
Uma trama atual
O livro “Complô Contra a América”, de Philip Roth, foi publicado em 2004, e toda a trama imaginada pelo autor parecia quase distópica. Mas… não é por acaso que o livro tenha sido adaptado para a TV em 2020.
A série soa muito realista e assustadoramente próxima da nossa realidade. E isso não se aplica só aos Estados Unidos, uma vez que, infelizmente, o mundo todo vem sendo varrido por uma onda radical extremista.
Esse é um dos motivos pelos quais The Plot Against America é interessante, não só porque nos alerta, mas também porque apresenta cenários que são fáceis de se reconhecer.
Os personagens
Os protagonistas da série são os Levins, uma família judia composta pelo pai Herman, a mãe Bess, os dois filhos Sandy (Caleb Malis) e Philip (Azhy Robertson) e do sobrinho órfão de Herman, Alvin (Anthony Boyle), que vive em um bairro judeu de Nova York. Eles se relacionam com os outros moradores do bairro, pessoas do trabalho e com Evelyn (Winona Ryder), a irmã solteira de Bess, que está sempre em busca de um relacionamento.
É através dos olhos de Philip, um garoto que tem em torno de dez anos, que o telespectador acompanha boa parte da trama. Para ele, Lindbergh é um herói e nem passa pela sua cabeça que ele possa fazer qualquer coisa de ruim. No entanto, a situação vai se tornando cada vez mais perigosa e o garoto vai percebendo o que está acontecendo e sentindo, pela primeira vez, o que é o preconceito.
É interessante que a produção escolha colocar boa parte do foco em Philip, que é uma criança – e muito provavelmente o alter ego de Roth – uma vez que a sensação que boa parte das pessoas têm diante de um governo que deliberadamente retira os direitos dos cidadãos é justamente a de impotência ou de confusão, como se mesmo os adultos fossem crianças que não podem fazer nada além de esperar pelo pior.
Veja aqui nossa sessão de resenhas de séries
Mas se os Levins são os primeiros a se posicionarem contra Lindbergh, isso não acontece com todos os personagens retratados. O filho mais velho da família, Sandy, parece concordar com algumas das ideias do presidente; e Evelyn e seu novo namorado, o rabino Lionel Bengelsdorf (John Turturro), não só estão felizes com a eleição, como também se tornam amigos de Lindbergh e de sua esposa (Caroline Kaplan).
A série, então, mostra que mesmo pessoas que têm a mesma criação, como Evelyn e Bess, e que certamente têm motivos para temer um governo autoritário, pensam diferente e muitas vezes não acreditam no que está diante dos olhos delas.
Aspectos técnicos de The Plot Against America
A série é, obviamente, muito bem produzida, os figurinos são recriados de maneira perfeita, assim como os penteados e as maquiagens. A fotografia e o figurino parecem saídos diretamente do cinema. Aqui há várias boas atuações, como a de Zoe Kazan, Winona Ryder e Anthony Boyle, mas quem mais chama atenção é Azhy Robertson, que consegue passar a inocência da criança em uma atuação de adulto.
Tudo isso se junta ao roteiro, que é incrível, e que é imensamente criativo, embora não totalmente fora da realidade, ou seja, extremamente assustador. Os episódios têm em torno de 1h, mas são fluídos e passam rápido. Como a 1ª temporada tem só 6 episódios, é fácil assistir de uma vez só, mesmo que o assunto não seja nem um pouco leve.
The Plot Against America tem uma certa semelhança com Hunters, outra série recente que também tem como protagonistas judeus e que trata de antissemitismo, embora as duas produções tenham tramas bem diferentes e abordagens completamente opostas. A série foi pensada originalmente como uma distopia, mas é assustadoramente próxima da nossa realidade e, mais do que uma obra de ficção – embora seja ótima– também é um alerta.
https://www.youtube.com/watch?v=jDiJe-LPyBY