The Sinner – Saiba mais sobre a 2ª Temporada
A segunda temporada de The Sinner consegue superar a primeira em tudo, do suspense às relações humanas. Desta vez, o caso envolve o jovem Julian, que confessa ter envenenado seus supostos pais durante uma viagem de férias. Tal qual na primeira temporada, o evento acaba sendo apenas a porta de entrada para um caso muito mais complexo e abrangente, envolvendo uma seita religiosa com métodos questionáveis.
Um dos grandes triunfos da série se baseia em sua estrutura. The Sinner sabe como intrigar o espectador através de desenvolvimentos mirabolantes que alteram completamente a interpretação sobre o caso da vez. Há sempre novos detalhes que levantam questionamentos por trás das ações do personagem. Assassino e vítima ao mesmo tempo (Cora antes, Julian agora). Sabe então fazer bom uso da trama não-linear para preencher lacunas da história de maneira envolvente. Sempre mantendo o andamento da investigação de uma forma acessível para que o público possa solucionar o mistério no mesmo ritmo que o detetive Harry Ambrose (interpretado por Bill Pullman, mais uma vez em um dos seus maiores papéis).
The Sinner, 2ª temporada
Levando o protagonista de volta para sua cidade de origem, o roteiro parece torná-lo ainda mais tridimensional dessa maneira. Revisitam-se assombros do passado, que intercalam com o caso atual e geram um curioso paralelismo. Enquanto isso, Ambrose segue em sua jornada de redenção com um background muito mais interessante que o anterior, mesmo que soe conveniente ao enredo às vezes.
Mais uma vez, a trama se prova intricada e complexa além da conta, se desenrolando em uma cama de gato improvável. Mostra o envolvimento inesperado de outros personagens periféricos, até as grandes revelações no desfecho, que chegam amargas e melancolicamente contemplativas. Não há necessidade de qualquer espetáculo genérico, o que colabora para a narrativa intimista típica da produção. “O Pecador” (The Sinner) afinal, é tanto Julian quanto Ambrose à sua maneira. Mas todos ao redor também tem sua cota de culpa e pecado, como já o é na vida de todos.
O que mais esperar?
Dessa maneira, Carrie Coon é um dos destaques do elenco, com sua performance autoritária e maternal bastante convincente; a medida que Natalie Paul faz uma policial que precisa provar seu valor em começo de carreira e a lidar com uma questão mal resolvida do passado, que acaba se relacionando com o caso em que investiga. Hannah Gross tem o perfil ideal para interpretar uma moça bastante desajustada, cheia de escolhas erradas; enquanto que Tracy Letts entrega uma performance impressionante de uma figura paternal bastante sensata e humana. Mas é Elisha Henig que se destaca aqui, como um ator prodígio repleto de cenas intensas.
Se apresentando como um primo distante da primeira e formidável temporada de True Detective (da abordagem que finge o sobrenatural num contexto real, e até mesmo com os pássaros desenhando um voo no céu), essa nova sessão de The Sinner também flerta com o terror, tanto nas cenas de flashback, quanto de devaneio do garoto. Além de algumas insinuações no presente, envolvendo a seita em torno da pedra. Aliás, é interessante notar como a Netflix reinterpreta os atos de constelação familiar, mas elevando o trabalho para níveis mais radicais, que entregam uma performance negativa.
Sem respostas fáceis nem interpretações óbvias, a segunda temporada entrega um suspense de primeira. The Sinner sabe desenvolver personagens como poucos e ainda recompensa o público com uma história sobre pessoas acima de tudo. Enquanto Ambrose continua sua jornada de compreensão, ajudando aqueles que não podem ser compreendidos por um julgamento comum.