Vida – Reinventando Alien com sucesso
Daniel Espinosa (que dirigiu o decente “Protegendo o Inimigo” e promete subverter as expectativas com o inesperado “Morbius”) colocou uma equipe de seis astronautas da Estação Espacial Internacional descobrindo sinais de vida inteligente em Marte e as consequências a partir disso, em um suspense suntuoso, que dribla todos os clichês do gênero para entregar um filme de terror realmente impactante, que não valoriza estrelas em detrimento de uma boa história.
Assim, a afirmação de que Vida reinventa “Alien, o Oitavo Passageiro” é verdadeira, tanto pelos tropos certeiros emprestados do clássico setentista (criatura alienígena traz o caos para uma espaçonave, levando cada membro sucumbir aos poucos), à medida que faz bom uso da tecnologia atual em prol de uma verossimilhança em todo seu discurso tecniquês (importante para o andamento do enredo e das saídas sagazes que os sobreviventes vão encontrando para tentar escapar do próximo avanço inimigo), com um roteiro enxuto e redondinho, que cumpre o que promete do começo ao fim, sem perdoar seus personagens, como todo longa de horror deveria, no mínimo, se oferecer a fazer.
Vida
Portanto, mesmo com nomes de peso no elenco, como Ryan Reynolds, Rebecca Ferguson e Jake Gyllenhaal, o filme não se vale de seus figurões para brilhar sozinho e sim sabe utilizá-los com inteligência, abrindo feridas feias e mortes sufocantes pelo caminho.
Outro dos pontos positivos é que Espinosa trata seus personagens como pessoas e não como estereótipos, por isso o espectador encontrará muitas interpretações mais naturalistas aqui e nada de coisas como “o encrenqueiro do grupo”, “a gostosa”, “o líder”, “o alívio cômico”.
Vida não tem espaço para clichês exaustivos (afinal todas as figuras em tela tem suas funções importantes – para o bem ou o mal nessa missão). A trama opta por investir em cenas marcantes seja de perseguição, de situações sem saída ou sequências de puro terror, que deixariam um jovem Ridley Scott orgulhoso. Enquanto isso, o atual ficaria se perguntando por que não escolheu esse diretor para continuar com a franquia Alien nas telonas? Pois é, ela existe e vai, inevitavelmente, continuar sempre viva na mente do público.