What We Do in the Shadows – 1ª temporada

Derivada do filme O que Fazemos na Sombra, What We Do in the Shadows acompanha os vampiros Nandor (Kayvan Novak), Laszlo (Matt Berry) e Nadja (Natasia Demetriou) vivendo em Nova York, nos dias de hoje. Assim como o filme que a inspirou, a série segue uma premissa muito simples, mas que também é muito inteligente e inovadora. A produção se pauta no gênero do mockumentary.

Ou seja, é um pseudocumentário, que ao invés de informar o telespectador, como é comum aos documentários, se preocupa mais em fazer piadas de eventos, que podem ou não terem acontecido. Ele é diferente do falso doc, por exemplo, que apresenta eventos falsos, mas que o faz de maneira séria e muitas vezes pode ser confundido com a realidade, mesmo que essa não seja necessariamente a ideia dos seus criadores.

O mundo acompanhou uma série de falsos docs que eram, na realidade, filmes de terror, como o inovador A Bruxa de Blair e a menos criativa franquia Atividade Paranormal, no entanto, não existem tantos conteúdos de terror que exploraram o mockumentary. A ideia é mais comum em séries de comédia, como Modern Family e The Office.

What We Do In The Shadows – Terror com comédia

O que What We Do in the Shadows faz é usar de elementos comuns ao gênero do terror, como vampiros, lobisomens e, eventualmente, outras criaturas sobrenaturais, na comédia. Nesse aspecto, é uma série muito criativa.

É até difícil dizer em que gênero a série se enquadra, porque ela trabalha com muitos elementos. Acompanhamos três vampiros, que já viveram muitos anos, mas que nos dias de hoje, dividem uma casa em Nova York.

O vampiro, então, tem que conciliar sua condição com a modernidade e, mais ainda, com a vida em uma grande capital. Quando isso acontece, a série aproxima os vampiros, seres misteriosos, assustadores e sedutores, da vida de qualquer outra pessoa.

Vampiros pelas ruas das cidades

What We Do in the Shadows não é a primeira a fazer isso: Buffy, a Caça Vampiros também trazia os vampiros para os Estados Unidos dos anos 90, e apresentava problemas típicos dos adolescentes. E a saga Crepúsculo, embora tenha mais enfoque no romance, também apresentava vampiros que viviam no século 21, iam à escola, namoravam e se divertiam.

Mas todas essas obras se levavam extremamente a sério e não usavam o arquétipo do vampiro para fazer comédia. What We Do in the Shadows pega essa criatura, que é sempre descrita como classuda, indecifrável e manipuladora e a transforma em motivo de piada. Quando acompanhamos os vampiros da série se debaterem em brigas de casal, sofrerem ao preparar um jantar para o demônio ou confessarem que já participaram de filmes pornôs, é impossível levá-los a sério e esse é o grande mérito da série.

Levando em conta que as histórias de vampiros já foram exploradas à exaustão e que as últimas tentativas quase drenaram o gênero, essa série traz uma perspectiva nova e completamente inovadora, que ainda por cima, é extremamente divertida.

Aspectos técnicos de What We Do in the Shadows

Sendo um mockumentary, a produção é filmada exatamente como um documentário. Acompanhamos os três protagonistas e, eventualmente, outros personagens, como Guillermo (Harvey Guillén), escravo de Nandor e Jenna (Beanie Feldstein), uma jovem recém vampirizada por Nadja, em cenas que geralmente não são bem filmadas e muitas vezes parecem feitas de maneira escondida.

Além disso, todos os personagens dão entrevistas para as câmeras, olhando diretamente para elas, com os nomes de cada um aparecendo na tela. O contexto todo da série é muito divertido e as situações que são colocadas acrescentam ainda mais humor ao tema.

A fotografia é escura, mesmo que o que a gente acompanhe esteja bem longe do terror, e os figurinos dos vampiros são antigos e sombrios, e se contrapõem aos figurinos de outros personagens que não são vampiros e que vivem nos dias de hoje.

Uma boa pedida

A série também funciona em função das suas atuações. Os três protagonistas se saem muito bem e estão completamente dentro dos seus personagens. Beanie Feldstein aparece em uma participação recorrente, que é responsável por boa parte dos melhores momentos da primeira temporada e é uma pena que ela não tenha mais cenas.

Além do elenco recorrente, a série conta com várias participações de atores e atrizes que já interpretaram vampiros em outros filmes e séries, assim como Tilda Swinton, Taika Waititi (que estava no filme que inspirou a série), Evan Rachel Wood, Danny Trejo e Wesley Snipes.

Em meio a tanto conteúdo tratando de vampiros, What We Do in the Shadows se destaca por trazer um ponto de vista completamente diferente e por ousar sair do gênero clássico.