Jornada da Vida, de Phillippe Godeau
Um filme que teria tudo pra se tornar um melodrama, nos brinda com uma história cativante que gera várias reflexões
Jornada da Vida é o terceiro filme dirigido pelo francês Philippe Godeau – porém ele já foi produtor de vários longas-metragens, ou seja, não é exatamente um novato no cinema – e ele mostra o encontro de dois mundos completamente distintos: o europeu representado pelo ator e escritor Seydou Tall e o africano representado pelo menino Yao.
É interessante que, no início, mostra-se bem como é a vida de celebridade de Seydou e ao mesmo tempo sua conturbada vida pessoal. Ele vem de uma recente separação e tem dificuldade em participar da vida de seu filho pequeno. Em contraste, vemos a rotina de Yao indo pra escola em uma vila pobre com suas dificuldades, porém encarando com alegria os momentos de brincadeira com os colegas.
O elo existe quando Yao descobre que seu ídolo fará uma tarde de autógrafos em uma cidade senegalesa. Ele então combina com seu melhor amigo de ir até lá. Assim, o próprio poderia autografar seu livro, que ele sabia de cor cada palavra, de tanto que o lia. Afinal, o garoto não tinha acesso a muita coisa além daquilo.
Jornada da Vida
É bonito de se ver a ingenuidade do garoto que resolve ir a um lugar que está a mais de 300 quilômetros de distância sem pensar nas consequências. Onde dormir? Como voltar? O que comer? Tanto que o amigo resolve abandonar a aventura justamente por considerar uma loucura ir sem nem ter a certeza de que conseguiriam encontrar Seydou.
Certamente, não irei entregar aqui todos os obstáculos do caminho, mas a trama realmente ganha força quando os dois protagonistas se conhecem e o renomado ator decide passar mais um tempo com seu fã. Após Seydou decidir acompanhá-lo, ele começa a se deparar com uma cultura totalmente nova pra ele. Mas, ao mesmo tempo sabendo que aquela é sua origem.
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Então Seydou resolve esquecer sua vida de “branco” na França e cai de cabeça naquele universo de música, dança, religião e tudo o mais que Senegal tem como identidade. Pode não ser uma obra de arte, porém creio que qualquer um que assista a Jornada da Vida irá identificar-se em alguns momentos com algum dos pontos de vista dos protagonistas. Há cenas divertidas, tocantes e instigantes que valem a pena.
O filme estreia dia 18 de julho, então aproveite pra checar os cinemas em que ele estará em cartaz.