O Vendedor de Ilusões – O poder da música
Harold Hill (Robert Preston) é um vendedor cheio de dívidas. Fugindo delas, ele chega à cidade de River City, onde começa a se passar por professor.
Então, ele convence os pais dos alunos a comprarem instrumentos e uniformes para que eles possam, supostamente, formar uma banda. O seu plano é pegar o dinheiro e sair da cidade sem nem explicar o que aconteceu.
Mas as coisas não saem muito bem como Harold planejava.
A origem de O Vendedor de Ilusões
O filme é inspirado no musical The Music Man, escrito por Meredith Willson, a partir da história de Willson e Franklin Lacey. The Music Man estreou na Broadway em 1957 e logo virou um sucesso. A produção original foi indicada a nove Tonys e ganhou seis, incluindo melhor musical, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor atriz coadjuvante.
The Music Man ganhou um revival já em 1965, e depois em 1980, 1988, 2000 e mais recentemente em 2008. Hugh Jackman e Sutton Foster iriam estrelar uma nova montagem que entraria em cartaz em 2020, mas foi interrompida em função pandemia de Covid-19.
The Music Man também ganhou uma montagem australiana, em 1960.
O golpe
Basicamente, O Vendedor de Ilusões fala sobre um golpe. Harold não é retratado como um trambiqueiro mau-caráter e sim como um homem com muitas dívidas que está desesperado. No entanto, seu plano ainda é ilegal e imoral.
A ideia de Harold é vender instrumentos e uniformes para que os garotos da cidade formem uma banda, pegar o dinheiro, não entregar os produtos e, então, fugir e pagar sua dívida.
Claro que as coisas não saem como ele tinha planejado e Harold acaba ficando na cidade, se afeiçoando aos garotos e, por fim, se apaixonando por Marian (Shirley Jones), a bibliotecária da cidade, que também ensina piano.
O golpe que Harold planeja é bem simples e de maneira nenhuma se parece com os golpes bem executados que vemos em filmes que são focados nesse tema. Por isso, O Vendedor de Ilusões não pode ser considerado um filme de golpe. Aqui, o golpe serve apenas ao propósito de conectar Harold com os alunos e com a música.
A música
A coisa mais importante na trama aqui é a música. Todo o plano de Harold pode começar como uma maneira de pagar a sua dívida, mas é a música e a união que ele tem com seus alunos que o fazem ficar. Depois de um tempo treinando seus alunos, Harold se vê envolvido naquilo e esquece do golpe. Ele resolve, de fato, formar uma banda.
Claro que o fato dele se apaixonar por Marian, que ele só conhece porque precisa seduzi-la para que ela concorde com a banda, também é um motivo para que ele fique em River City, mas mais uma vez, isso tem relação com a música, já que Marian é a professora de piano da cidade.
O Vendedor de Ilusões é um filme sobre o poder da música e de como isso pode mudar as pessoas. Todas as outras subtramas do filme só existem para justificar essa mensagem.
Aspectos técnicos
O Vendedor de Ilusões é um filme grande, com uma boa produção. Ele tem cenas na cidade toda e um elenco composto por bastante gente.
Também é óbvio que existe uma grande harmonia entre todos os atores, já que acompanhamos grandes números musicais, com muita gente envolvida. A sincronia do elenco é excelente. Preston e Jones se sobressaem, porque tem mais tempo de tela e porque seus personagens são mais importantes que os outros.
O roteiro não é exatamente simples, mas o longa está longe de ser um filme com golpes intricados, que deixa o telespectador tentando decifrar o que vem pela frente. O golpe de Harold é quase primário e óbvio e é possível prever o que vai acontecer, mas ele ainda é um musical divertido e com boas performances.
A trilha
As músicas que fazem parte da trilha sonora são as mesmas que fazem parte da peça The Music Man. No entanto, no filme algumas músicas são apresentadas juntas, como um número musical só, enquanto na peça, elas são apresentadas separadas.
Entre elas estão Ya Got Trouble, Goodnight, My Someone, Pick-a-Little, Talk-a-Little, Marian The Librarian, Being in Love, Till There Was You e Seventy-Six Trombones. O Vendedor de Ilusões é um musical bem clássico e as músicas são apresentadas dentro e fora do palco. Ele é bem parecido com os musicais mais antigos, da década de 1940.
Por outro lado, essa trama que apresenta um professor ensinando música para seus alunos é uma forma de justificar os números musicais. É verdade que o elenco não canta só nas cenas em que estuda, mas muitas das cenas são os treinos dos alunos. Essa dinâmica do professor ensinando os alunos sobre música foi, inclusive, repetida outras vezes, como na série Glee.
O Vendedor de Ilusões tem uma trama simples, mas passa uma mensagem interessante e tem bons números musicais e boas atuações.