The Umbrella Academy – 2ª temporada
Série compreende problemas anteriores e injeta mais humor, diversão e ritmo em produção vistosa
Imagine uma mistura dos filmes de ”A Família Addams” (1991/ 1993) com o longa de ”Watchmen” (2009) e terá o resultado dessa continuação, que nem faz questão de esconder suas claras referências, principalmente da divisiva obra de Zack Snyder, tanto na montagem (na receita do slow-motion + música famosinha e destoante da violência para deixar tudo mais descolado), quanto na composição de alguns personagens (Vanya é claramente a versão feminina do Dr. Manhattan, ainda que alguns possam compará-la também com a Fênix Negra), e também na atmosfera apocalíptica que permeia todo o enredo. Tudo na produção de The Umbrella Academy – 2ª temporada recebe um ganho dobrado, principalmente a fotografia, o uso de CGi e a direção de arte, que estão honestamente espetaculares.
The Umbrella Academy – 2ª temporada
Depois de uma primeira temporada problemática e super lugar-comum, que mais enrolava o espectador do que entregava uma história para valer, a Netflix e os showrunners Steve Blackman e Jeremy Slater compreenderam e ajustaram os pontos (a começar eliminando Hazel, um dos personagens mais inúteis e chatos de todos os tempos), tornando esse segundo ano não só muito melhor, como mais engraçado (Klaus deixa de ser o único alívio cômico do grupo e permite que Luther e Diego também abracem as gags), dando aos sete irmãos subtramas e mais background, que cada ator brinca ainda mais à vontade no papel e isso fica visível em tela.
Os uniformes coloridos fazem falta na proposta de bizarria. Entretanto, jogar a família Hargreeves em 1963 contribui para outros figurinos e cenografia, novas dinâmicas e situações inusitadas. Um deles se casa, outro vira líder de seita; enquanto isso, um está preso em manicômio, outro perdeu a memória e um segue a vida como capanga.
O que veio por aí
O reuso de vários elementos também é evidente e a série não faz nenhuma questão de escondê-los. O público já viu dezenas de vezes novas encenações sobre a morte do presidente Kennedy, ou de viajantes do tempo que devem seguir pequenas regras para não desestabilizar o andamento das coisas e existe, claro, mais um novo apocalipse para ser evitado em sete dias.
Foi abolido o dramalhão brega que jamais funcionou na temporada anterior. Sendo assim, investiram mais em humor negro e pastelão (no qual os personagens, que antes choramingavam pelos cantos, agora debocham de si mesmos), deixando rolar pequenas historinhas aqui e ali – que de fato não servem para nada narrativamente e só estão ali para encher linguiça, mas também não atrapalham a sessão – enquanto a trama maior se desenvolve com o melhor personagem, Cinco, responsável não só para amarrar todas as pontas soltas, como também pelas melhores sequências de ação.
Tem mais?
Ainda vale ressaltar o bom destaque que Ben recebe, deixando de ser um mero coadjuvante para ganhar ótimos momentos; a interessante inserção de Lila para o time; e Allison, que seguindo a toada da série da HBO ”Watchmen” (2019), também toca em temas racistas e os movimentos que estavam acontecendo naquele período (oferecendo cenas marcantes e fortes).
O clímax, no entanto, acaba coroando de vez The Umbrella Academy – 2ª temporada, com situações impressionantes e repletas de reviravoltas divertidas que vão empolgar os consumidores mais nerds. Ainda que The Umbrella Academy não seja o grupo de super-heróis, é nesse desfecho que eles mais se aproximam disso unindo suas habilidades e o final, com outro gancho poderoso (que também não deixa de ecoar as saídas que ”DARK” tomou ao longo de três anos), cria uma boa expectativa para o terceiro ano. Fica a torcida, então, para que as vozes dos criadores Gerard Way e Gabriel Bá falem mais alto no próximo salto de tempo.