O Amor de Sylvie – Romance e música nos anos 60
Sylvie (Tessa Thompson) é uma jovem que trabalha na loja de discos do seu pai e tem a sua vida planejada. Até o dia que ela conhece o músico Robert (Nnamdi Asomugha), por quem se apaixona imediatamente.
Sylvie termina seu noivado e começa um namoro com Robert, mas a vida incerta dele faz com que os dois terminem e ele parta em busca de uma carreira musical. Ao longo dos anos, os dois ainda pensam um no outro, enquanto a vida deles se modifica, até que eles se encontram novamente.
A protagonista de O Amor De Sylvie, como o próprio nome diz, é Sylvie. Ela é uma jovem que tem a vida traçada e cuja personalidade mostra que ela quer ter controle de tudo. Embora seja jovem, ela já está noiva e se sente pronta para casar.
O Amor de Sylvie
Tudo muda quando ela conhece Robert, um músico que se sente atraído por ela assim que a vê e que não esconde isso de ninguém. Sylvie tenta manter o controle da situação mas, mesmo assim, acaba se apaixonando por Robert e os dois começam um romance.
Sylvie e Robert são claramente opostos. Ela é uma jovem quieta, tímida e que de várias maneiras incorpora exatamente o que seria “uma boa moça” nas décadas de 1950 e 1960, época em que o filme se passa. Por outro lado, a personagem foge dos clichês de filmes que falam sobre esses anos e, embora ela se comporte como uma moça certinha, ela também é ambiciosa, inteligente e determinada, o que é bem interessante.
Já Robert é mais velho e mais experiente, ele não tem planos para a sua vida a longo prazo, além de se tornar músico. Sua vida é errante, ele nunca sabe quando terá dinheiro ou em que cidade vai precisar viver para conseguir trabalhar.
O romance entre os dois floresce e, enquanto eles tentam se adequar um ao outro, Sylvie se deixa levar pela primeira vez e Robert tenta fazer planos pensando no seu futuro com a namorada, mas logo empecilhos surgem no caminho dos dois e eles acabam se separando, mesmo que ainda se gostem.
A carreira na música
Embora o filme seja mais focado em Sylvie, a carreira musical de Robert é um dos pontos mais importantes de O Amor de Sylvie, uma vez que ela, muitas vezes, é a motivação para que a história se mova. Robert se mostra como um personagem ligeiramente despreocupado, mas sua carreira é uma das coisas que ele se importa e é justamente ela que separa Robert e Sylvie pela primeira vez, quando ele decide ir para Paris para tocar em uma banda e Sylvie resolve que vai ficar em Nova York.
O telespectador, de fato, não vê como Robert cresceu na carreira, – embora acompanhe como Sylvie cresceu como produtora de tv, o que é muito interessante, especialmente para o período que o filme retrata – mas quando ele reaparece na vida da protagonista, ele já é um músico bem conhecido no meio, mas que ainda não faz sucesso e nem ganha o suficiente para sustentar uma família.
Quando os dois se afastam de novo, mais uma vez, isso acontece em função da carreira de Robert. A carreira dele e mais tarde, a de Sylvie, são questões que o casal sempre precisa balancear, junto com as suas diferentes personalidades.
As músicas
O Amor de Sylvie não é um musical no aspecto mais clássico das palavras, as músicas não empurram a trama para frente, mas se encaixam na trilha sonora e são apresentadas no palco. O longa fala sobre um músico e funciona mais ou menos como cinebiografias de músicos famosos, assim como Johnny & June e Rocketman, embora O Amor de Sylvie fale sobre um personagem fictício.
As músicas que fazem parte da trilha sonora são dos anos 1950 e 1960, como Mr. Lee, All My Tomorrows, Quizás, Quizás, Quizás, Fly Me to the Moon (In Other Words), Do You Love Me e Fools Fall in Love, entre outras. A trilha sonora ajuda o telespectador a entrar no clima do filme, que começa nos anos 1950 e se desenvolve até os anos 1960.
O longa também não tem coreografias e nem cenas musicais muito grandiosas, tudo é simples e discreto, embora a música seja bem importante na história.
Aspectos técnicos de O Amor de Sylvie
O filme tem uma produção cuidadosa, muito preocupada com os detalhes. O longa se passa em Nova York, mas a sensação que se tem é que vemos a Nova York da década de 1960. A cidade também parece fazer parte da trama, como se fosse um personagem tanto quanto Sylvie ou Robert. Já os figurinos são muito bonitos e realistas, o que coloca o público completamente dentro dessa história.
O roteiro é bem interessante, começa nos apresentando um casal completamente distinto e que cai dentro de muitos clichês dos filmes de romance, mas isso muda com o tempo. Sylvie cresce e se torna uma mulher independente, que trabalha como produtora de TV e que cada vez sobe mais na sua carreira, e é bem legal ver uma personagem feminina e negra, que vive nos anos 1960, mas que também é bem-sucedida e mais preocupada com sua carreira do que com sua vida amorosa.
A trama também é bem realista, uma vez que embora comece como um romance totalmente idealizado, onde tudo parece dar certo quase automaticamente, as coisas vão se modificando e quando Sylvie e Robert já não são mais tão jovens, eles percebem que a vida não é tão simples assim e que isso influencia o amor dos dois. O filme tem uma certa semelhança com La La Land: Cantando Estações, que também apresenta um romance quase fantástico, que se depara com a vida real.
Também é muito fácil se apegar a Sylvie, o que faz com que a gente queira acompanhar sua vida e seu crescimento, enquanto torce por ela. Esse é um mérito de Tessa Thompson, que interpreta uma personagem com vários lados e que muda e evolui a olhos vistos, o que é muito instigante. Sylvie parece uma mulher real, lidando com seus problemas e balanceando sua carreira, sua vida amorosa e sua família.
O filme tem vários pontos positivos e é bem produzido. Entretanto, ele se torna um pouco cansativo com o tempo, já que embora apresente a história de um grande amor, não mostra uma história especialmente excepcional e em muitos momentos parece só retratar uma vida comum, como a de qualquer pessoa.
Fazendo bom uso da trilha sonora e com figurinos e ambientações espetaculares, O Amor de Sylvie retrata um grande amor, ao mesmo tempo em que fala sobre uma vida comum.