Fate: A Saga Winx (1ª Temporada)
Inspirada na animação dos anos 2000
Bloom Peters (Abigail Cowen) tem dezesseis anos e acaba de descobrir que é uma fada do fogo. Sem o conhecimento de seus pais, que são humanos, Bloom começa a estudar em Alfea, uma escola localizada no Outromundo que ensina a arte da magia.
Lá ela conhece suas novas colegas de quarto: Stella (Hannah van der Westhuysen), Aisha (Precious Mustapha), Terra (Eliot Salt) e Musa (Elisha Applebaum) e precisa aprender a dominar suas emoções para, consequentemente, dominar seus poderes, mas logo ela nota que sua capacidade é ainda maior do que imaginava.
Fate: A Saga Winx é inspirada na série animada “O Clube das Winx”.
Um mundo mágico
Fate: A Saga Winx se passa em um mundo fantástico chamado Outromundo, onde as fadas vivem. Alfea, a escola onde Bloom vai estudar fica nesse mundo e ao entrar nele, ela não consegue voltar ao mundo que conhecemos com tanta facilidade, embora consiga se comunicar com seus pais através da internet.
A trama da série segue quase à risca a jornada do herói. Acompanhamos Bloom, uma adolescente, aparentemente humana, que descobre que, na verdade, é uma fada do fogo. Ela, então, sai do seu mundo, onde é uma pessoa comum e entra em um mundo fantástico, onde aos poucos descobre que é extraordinária e que seu poder é ainda maior do que ela pensava.
Justamente por isso, o cenário dessa Saga Winx lembra a saga Harry Potter, que também segue a jornada do herói. A trama pode soar um pouco batida, mas a série consegue trazer à tona os seus próprios temas e assuntos diferentes.
Adolescência
Além do universo mágico, a produção também apresenta personagens adolescentes que, embora sejam fadas, vivem dilemas típicos dessa idade. Bloom e suas colegas têm em torno de dezesseis anos e frequentam uma escola de fadas, mas que é mais ou menos como um colégio de ensino médio.
Bloom, por exemplo, logo se interessa por Sky (Danny Griffin), um dos alunos, mas que também é ex-namorado de Stella, sua colega de quarto. Isso, obviamente, cria um problema entre as duas, uma vez que Stella ainda é apaixonada por Sky e é extremamente ciumenta. Já Terra é tímida, solitária e está completamente fora dos padrões estéticos. Ela tem dificuldades para fazer amigos e se sente ignorada tanto pelos meninos, quanto pelas meninas. Musa é a única que tem interesse romântico em um garoto que, literalmente, desaparece e que como usa de elementos mágicos, ultrapassa a experiência comum de boa parte dos adolescentes.
Para além disso, na série, o poder das fadas depende do controle das emoções, o que quando se é adolescente, pode ser um grande problema. De maneira geral, muitas das tramas de Fate: A Saga Winx poderiam tranquilamente fazer parte de filmes adolescentes, o grande diferencial são os elementos fantásticos.
Modernização
O Clube das Winx, animação que inspirou a série, começou a ser exibido em 2004, por isso, é natural que a série, produzida sete anos depois, tenha que modernizar um pouco da sua trama. Fate é voltada para o público jovem, diferentemente do desenho, que tinha como alvo as crianças. A mudança de audiência faz muito sentido, já que quem era criança em 2004, hoje é um jovem adulto e vai se interessar por essa nova versão de um desenho da sua infância.
A série aposta em um tom um pouco mais sinistro, que está presente no roteiro e na estética. Existem alguns momentos assustadores e cenas que beiram o terror. A ideia é bem parecida com a de O Mundo Sombrio de Sabrina, que também é um remake mais adulto de uma série infantil antiga.
Outro ponto interessante é que a série apresenta um elenco bem variado, que não é composto só por atores brancos. Isso já está presente na obra original, que tem personagens negras e asiáticas, mas aqui temos também Terra, uma personagem gorda, que está fora dos padrões. Fate: A Saga Winx também não estimula a rivalidade entre as personagens femininas, e o único momento em que essa questão aparece é quando Stella começa a sentir ciúmes de Bloom com seu ex-namorado, Sky, mas isso não persiste até o final da temporada.
Os relacionamentos também são mais adultos, e a série não só fala sobre sexo abertamente, como tem personagens LGBTQIA+, cujas histórias são basicamente insinuadas, mas que ainda podem ganhar mais desenvolvimento no futuro. Todas as decisões deixam a série mais interessante e mais perto dos dias de hoje.
Aspectos técnicos de Fate: A Saga Winx
Fica claro que essa é uma produção cuidadosa e bem-feita. A série se passa em um mundo fantasioso, que é bem caracterizado e tem, inclusive, alguns efeitos visuais que funcionam e convencem a audiência.
Também é notável a atenção aos figurinos dos personagens, principalmente nos das cinco protagonistas. Uma vez que cada menina tem um poder especial – embora às vezes seja difícil compreender todos eles -, e que a série investe em personalidades bem diferentes para cada um, buscando uma identificação com um público mais abrangente, suas roupas também mostram isso.
Cada menina tem uma cor predominante que aparece nem que seja em pequenos detalhes e cada uma pende sempre para um estilo específico. A ideia é diferenciar essas meninas através dos aspectos estéticos, já que suas tramas não são tão diversas assim.
E o que mais?
Abigail Cowen se sai bem e é fácil gostar de sua personagem, mas o resto do elenco não chama a atenção, embora não atrapalhe o desempenho da temporada. O roteiro de Fate: A Saga Winx é simples e mistura mágica com questões típicas e até comuns da adolescência, causando reconhecimento que, ao mesmo tempo, deixa o espectador curioso.
A primeira temporada começa bem, mas vai aos poucos se tornando cansativa. Mesmo sendo curta (tem apenas seis episódios), a impressão que o telespectador tem é que a trama não tem tanto assunto assim e que, talvez, tudo pudesse ter sido resolvido mais rápido.
A série ainda pode ser uma boa pedida para o público jovem, que vai se animar com as questões fantásticas e se reconhecer nas tramas adolescentes, mas certamente não é uma série de fantasia capaz de arrebatar multidões e agradar todos os públicos e gerações. A primeira temporada de Fate: A Saga Winx está disponível na Netflix.