Jackie Brown – Filme de 1997 de Tarantino
É interessante notar como Tarantino consegue sempre manter sua identidade em diferentes gêneros dos quais reutiliza e aqui, em Jackie Brown, ele brinca de blaxploitation, adaptando o romance “Rum Punch”, do escritor Elmore Leonard (provavelmente um dos maiores provedores de conteúdo para a TV e o cinema norte-americano), único enredo que o cineasta não criou do zero e o único filme onde ele não se esbalda em sangue.
Os poucos espirros vermelhos que voam pela vidraça do carro no desfecho são o máximo que teremos de violência nessa divertida, leve e cínica história de crime e castigo (os motes-chave que vão flutuar sobre Quentin para sempre).
Jackie Brown
Mais interessante ainda é o resgate de velhos rostos (alguns nem tanto), que deixam esse longa do final dos anos 1990 com uma cara completamente setentista, com a ótima Pam Grier à frente do elenco, do saudoso e canastrão Robert Forster, a encantadora e sumida Bridget Fonda (que guarda um dos melhores closes daquela década), além de figurões ligados no total piloto automático e aqui me refiro a Michael Keaton, Samuel L. Jackson e Robert De Niro (que parece bastante jogado de escanteio, ainda que guarde uma única boa cena).
Jackie Brown brilha, principalmente e é claro, pelas tomadas sempre inventivas e ousadas de Tarantino, que consegue tornar qualquer momento banal em um grande close ou de situação brutal inusitada, mas ainda está longe do pódio do diretor.
https://www.youtube.com/watch?v=HlAECQzTkfY&ab_channel=Miramax