Closer – Perto Demais, filme de 2004
Acho impressionante que, até os dias de hoje, Closer sustente seus ares de “cult”, sendo ele justamente um legítimo romance brega. Agradável e delicioso à sua maneira, sim, mas cafonérrimo em todos os aspectos (fora aqueles outros que não se atualizaram tão bem).
De comédia romântica Mike Nichols entende bem e sua proposta aqui, baseada numa peça homônima, funciona mais para quem guardava o longa na memória afetiva, do que para abraçar um novo público.
A masculinidade tóxica de dois de seus protagonistas ainda não era tema de debate naquele período e aqui se deita e rola nas idas e vindas do amor, das piores maneiras possíveis. Julia Roberts, Clive Owen (que na época estava em ascensão, até cair nos últimos anos em papéis genéricos) e Jude Law estão bem, mas fazem personagens difíceis de gostar, egoístas até o talo e terrivelmente danosos, além de encenarem situações absurdas, que ficam entre o cômico e o ridículo (sim, todo esse pacote faz parte do charme da obra).
A história salva-se então com a doce e ingênua (ora perversa) figura interpretada por Natalie Portman, que enche a tela com sua beleza estonteante e encanta o público com seus olhinhos brilhantes. Mas à parte de todo o cinismo e ironias impostas pelo roteiro, pouco se salva ao final da sessão de Closer.