História do Homem-Aranha nos cinemas
Era um inocente ano de 2001 quando saiu o primeiro trailer do primeiro filme do Homem-Aranha, aquele dirigido pelo Sam Raimi. No trailer – que era menos um trailer e mais um curta – o Homem-Aranha caça bandidos em fuga prendendo o helicóptero deles em uma gigantesca teia de aranha armada entre as duas torres do World Trade Center. Posteriormente, esse trailer foi retirado do ar por motivos óbvios, mas imagine o impacto dessa cena em uma criança de 14 anos em uma época em que a Marvel ainda nem sonhava em ter seu próprio universo cinematográfico do jeito que é hoje.
Obviamente, eu sou apaixonado pela trilogia Homem-Aranha de Sam Raimi, estrelando o Tobey Maguire. Eu saí desse primeiro filme com uma doce sensação pueril, querendo me balançar em prédios e atirar minhas teias por aí. Eu gosto até do terceiro e controverso filme, uma obra que vai virar um clássico quando for redescoberta daqui a alguns anos. E Homem-Aranha 2, de 2004, é (na minha modesta opinião), o melhor filme de herói que eu já vi, absolutamente perfeito, completamente irretocável. Para a criança que eu era, esses filmes foram decisivos para definir minha paixão por cinema.
O sonho de um filme do Homem-Aranha era antigo – e quase se tornou realidade nas mãos de James Cameron. Mas a verdade é que, depois do Batman de Michael Keaton, os filmes de herói estavam meio em baixa, nenhum dava muito certo, eles não sabiam se deviam focar no público infantil ou nos nerdola adultos.
E para piorar a vida da Marvel, os quadrinhos também andavam mal das pernas nessa época. A empresa enfrentou uma ameaça real de falência e, como solução, começou a licenciar suas grandes franquias. E foi assim que X-Men foi parar nos estúdios Fox e Homem-Aranha nos estúdios Sony. Não à toa que ambas as franquias e seus filmes foram os principais responsáveis por trazerem uma nova era dos filmes de herói, de um sucesso tão grande que é a mesma que perdura até hoje. Algo que os millennials nascidos na metade da década de 1990 não devem nem conseguir imaginar: que houve uma época onde filmes de herói não eram o gigantesco sucesso que são hoje.
O acordo da Marvel com os estúdios tinha várias cláusulas burocráticas. Caso os personagens não tivessem um filme produzido no período de cinco anos, os direitos voltariam para a Marvel. Isso explica (mas não justifica) os horrorosos filmes do Quarteto Fantástico improvisados nas coxas só para o estúdio manter os direitos. A Sony nunca passou por nenhum perrengue desses, produzindo filmes de tempos em tempos: teve a trilogia do Sam Raimi em 2002, 2004 e 2007, depois os dois filmes de Andrew Garfield em 2012 e 2014 e o mais recente e fantástico e animado “Spiderman no Spiderverse“, de 2018, com a próxima animação prevista para o ano que vem.
Mas, para os fãs, não era o suficiente. À medida que o MCU foi crescendo e solidificando seus mundos e heróis, os fãs passaram a ficar sedentos por ver o Homem-Aranha no meio dessa baguncinha gostosa. E a Disney, que tinha controle da Marvel, decidiu colocar os advogados para trabalhar e resgatar o herói mais querido da empresa. E um terceiro ator foi chamado, bagunçando ainda mais essa cronologia dos heróis no cinema, que deve ser meio complicada de se acompanhar para quem não sofreu bullying no colégio.
Tobey Maguire como Spiderman
Spider-Man 1 – 2002
Diretor: Sam Raimi
Vilão: Duende Verde (Willem Dafoe)
Começando em alto estilo, o primeiro filme do Homem-Aranha é absurdamente excelente, mesmo para os dias de hoje. Um dos melhores filmes de origem de herói, cheio de referências que foram sendo deixadas para os filmes posteriores. Ele ajudou a sedimentar o cinema de heróis como conhecemos. Mantém saudáveis 90% no Rotten Tomatoes (com 67% de nota popular) e um Duende Verde completamente transtornado em uma memorável performance de Willem Dafoe.
Spider-Man 2 – 2004
Diretor: Sam Raimi
Vilão: Dr. Octopus (Alfred Molina)
Parecia difícil superar a qualidade do primeiro filme, mas Spider-Man 2 o fez com honras. Naquele que eu ainda considero como o melhor filme de herói, temos uma história focada mais no Peter Parker e como o peso de ser um super herói atrapalha nas relações do garoto rapaz. Com 93% no Rotten Tomatoes (e 82% de nota popular), eu ainda fico com a impressão de que ele merecia mais, mas pode ser minha nostalgia pueril gritando.
Spider-Man 3 – 2007
Diretor: Sam Raimi
Vilão: Novo Duende Verde (James Franco), Homem-Areia (Thomas Haden Church) e Venom (Topher Grace)
Aqui as coisas começam a ficar polêmicas. Na época eu fui um dos que odiou Homem-Aranha 3, o que era uma pena, já que o hype do filme estava nas alturas. Mas, assistindo de novo alguns anos atrás – e assistindo mais uma vez este ano -, o filme cresceu muito no meu gosto. Provavelmente porque os filmes posteriores foram tão fracos que bateu o saudosismo, mas acredito que realmente vale uma revisitada. Mas é verdade que há vilões demais e Peter Parker passa por… digamos… problemas relacionados à dança. O Rotten Tomatoes dele também não é dos melhores, com 63% e pífios 51% de nota popular.
Andrew Garfield como Spiderman
The Amazing Spider-Man – 2012
Diretor: Marc Webb
Vilão: Lagarto (Rhys Ifans)
A nova versão do Homem-Aranha parecia promissora. Andrew Garfield é um ator excelente e entregou um Homem-Aranha cheio de piadinhas enquanto luta, a exemplo de como era nos quadrinhos. Ao invés de Mary Jane Watson, temos Gwen Stacy como o interesse amoroso do herói. O primeiro filme não é ruim, mas eu ainda acho que ele é abaixo de qualquer um da trilogia de Sam Raimi. Mesmo assim, ele sustenta 72% no Rotten Tomatoes (com 77% de nota popular).
The Amazing Spider-Man 2 – 2014
Diretor: Marc Webb
Vilão: Electro (Jamie Foxx)
Se eu já tinha achado o primeiro filme fraco, este daqui desandou de vez. Marc Webb contou ainda com a adversidade do ano ser 2014 e o público já estar acostumado com os Vingadores completamente formados. Era difícil competir com o MCU e estar fora dele, principalmente sendo um personagem tão querido quanto o Homem-Aranha e o público não levou o filme de boa. Ele tem horrorosos 52% no Rotten Tomatoes com 64% de nota popular.
Tom Holland como Spiderman
Capitão América: Guerra Civil – 2016
Diretor: Joe Russo / Anthony Russo
Vilão: aí virou bagunça
E foi tudo muito rápido. O tempo que levou entre a Disney anunciar que o Homem-Aranha estava voltando para casa e o tempo dele aparecer no meio dos Vingadores foi bem curto, mas longo o suficiente para deixar os fãs alucinados. Guerra Civil já começa jogando o herói no meio da turma, sem história de origem, sem “grandes poderes trazem grandes responsabilidades”, sem delongas. A gente já viu a origem do cara duas vezes, não precisava de uma terceira. A Marvel tá certa.
Homem Aranha de Volta para Casa – 2017
Diretor: Jon Watts
Vilão: Abutre (Michael Keaton)
Falando em “volta para casa”, tá explicada aí a piadinha do título do primeiro filme solo do acordo Sony/Disney. Sucesso de crítica e público (respectivamente 92% e 87% no Rotten Tomatoes), todo mundo parece ter ficado feliz em ver o Homem-Aranha no MCU. Depois desse filme, o herói virou figurinha constante nas batalhas interplanetárias e se tornou oficialmente um membro dos Vingadores em “Guerra Infinita“.
Homem Aranha Longe de Casa – 2019
Diretor: Jon Watts
Vilão: Mysterio (Jake Gyllenhaal)
Depois da loucura que foi Vingadores Ultimato, “Longe de Casa” retorna com uma história mais intimista do jovem herói. Ainda com avaliações muito positivas, tem 90% no Rotten Tomatoes (95% na nota do público). A essa altura, Tom Holland já é queridinho de todo mundo e já começa a entrar na adolescência aquela base de fãs que nem lembra que existiram outros atores interpretando o Homem-Aranha.
Animações
Spider-Man into the spider-verse – 2018
Só para constar, a Sony já tinha brincado com o conceito de multiverso nesta animação que muitos consideram como o melhor filme do Homem-Aranha. E realmente, com 97% no Rotten Tomatoes (e 93% de nota popular), é o filme mais bem cotado de todos.
…Até agora…