7 Prisioneiros

Uma fábula de margem que trata sobre tráfico humano, debatendo um crime social com uma linguagem universal, mas situado no centro de SP. 7 Prisioneiros começa acertando em seu elenco forte, sustentado pelo mestre Rodrigo Santoro e no cada vez mais surpreendente Christian Malheiros (que já havia se provado em Sintonia e em Sócrates, também do diretor Alexandre Moratto).

7 Prisioneiros, porém, só pode ser tratado no viés da fábula mesmo, pois após seu início forte, onde apresenta os sonhos dos rapazes sendo demolidos pela crueza desse tipo de escravidão, ele logo assume que seu interesse reside unicamente na relação de “patrão” e “empregado”, na figura da dupla que estrela a produção e faz uma ótima entrega. Seus momentos juntos, em cárcere ou fora dele, são enervantes, intensos e revelam ali a vítima se transformando tal qual a imagem de seu vilão. Essa é a história que Moratto queria contar e a fazer com boa medida.

Mas é inegável os buracos no enredo. Faltou um background melhor explorado dos demais encarcerados (e não pontuados por uma ou outra cena chocante), um tratamento menos pueril sobre a ação da vigilância sanitária ou do envolvimento clichê da polícia militar nessa ação, além de toda a evidência desse submundo abominável, que surge levemente caricato. Portanto, fábula, sim. Uma fábula com uma mensagem poderosa, com atuações intensas, de um desfecho inevitável. E que poderia sim ser muito mais.

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