Pânico 6
Mais brutal e enervante, Pânico 6 flerta com a ousadia, mas ainda joga no seguro.
Ao levar o Ghostface e os sobreviventes de Woodsboro agora para Nova York, o novo longa da cinessérie continua ampliando suas possibilidades com muita paixão, já que mais uma vez essa é uma obra feita de fã para fã. A dupla Tyler Gillett e Matt Bettinelli-Olpin, que já tinha provado sua eficiência como herdeiros de Wes Craven no revival ano passado, continua satisfazendo nessa continuação, usando o novo cenário para caprichar nas novas sequências de violência e sangue, em destaque a cena do metrô, a do apartamento e o embate de Gale. O Ghostface dessa vez bate mais forte, esfaqueia com mais força e até faz o uso de espingarda.
O elenco tem a força no seu quarteto principal, em especial as ótimas Melissa Barrera e Jenna Ortega (que passam a esboçar curiosos traços sombrios), com Mason Gooding fazendo suas caras e bocas de sempre, enquanto Jasmin Savoy Brown continua com seus sagazes comentários cinéfilos (dessa vez discutindo sobre a construção das tais “franquias”). Courteney Cox tem seus momentos com a nossa querida odiável repórter, e ainda que a Kirby de Hayden Panettiere tenha saído do quarto para esse sexto filme, parece que a atriz desaprendeu a atuar. Os coadjuvantes são bem mais mal desenvolvidos do que em outros filmes, em especial, Jack Champion, Liana Liberato e Devyn Nekoda. Josh Segarra não diz a que veio. Dermot Mulroney, Tony Revolori e Samara Weaving estão ótimos.
Pânico 6
A revelação por trás dos assassinos de Ghostface é previsível (ao menos um eu já tinha sacado desde os trailers muito tempo atrás), e os motivos por trás também são mais uma mera desculpa, ainda que bem justificada (e vale lembrar que, da mesma forma que Pânico 5 espelhava algumas intenções do 1, esse sexto faz o mesmo com o 2). Mas Pânico nunca foi sobre a grande reviravolta no final e sim sobre o mistério alimentado até ali (e todas as sequências de morte, drama e humor, que todos os filmes até então souberam equilibrar bem).
Verdadeiros fãs de Pânico renunciam à suspensão da descrença em favor do divertimento legítimo, que só esse slasher é capaz de oferecer, principalmente dentro do comentário que Wes e Kevin Williamson promoveram desde o original, com bom-humor e ironia em sua metalinguagem.
Duas grandes ideias dão certo vigor à mesmice da franquia: uma está nos quinze minutos iniciais, que flertam com essa “reinvenção” vendida pela equipe de marketing da Paramount (e não só é interessante, como divertidíssima e até revigorante), como a do “santuário de Ghostfaces” (que tem todos os elementos e ícones dos filmes anteriores como expostos em um museu), que, muito além da narrativa ou da metanarrativa, é um tributo para os fãs. Para nós. E a isso, aplaudimos.