A Toda Prova, filme de espionagem diferenciado
Gina Carano brilha sozinha em meio a um elenco estelar
Neste thriller de espionagem escrito por Len Dobbs (que já fez Kafka e O Estranho com o diretor), uma ex-oficial de operações especiais trabalha para um grupo privado de ações militares, até que é traída por um integrante da sua própria equipe e parte em uma jornada de vingança. Você já viu isso antes, mas o charme que Steven Soderbergh emprega em A Toda Prova, fornece um diferencial, já que a fotografia e edição também são do diretor, tão eclético em suas escolhas cinematográficas.
Por isso, parte do ritmo investe em longos takes, embalado com uma atmosfera bastante estilosa, em um filme isento de trilha sonora, para evidenciar esse clima mais intimista.
A Toda Prova
E apesar do elenco de super estrelas (que mais pareceu Soderbergh dizendo “é só porque eu posso, não porque eu preciso”), é a inexperiente Gina Carano quem se destaca na história. A ex-lutadora de MMA nunca atuou muito bem, nem em algum filme muito relevante. Mas aqui, dada a oportunidade do protagonismo e a direção inspirada, permite que a atriz tenha seus bons momentos.
Não que ela consiga mais do que um vasto jogo de expressões, mas é bastante convincente como uma oficial combatente, até mesmo porque sua fisicalidade é impressionante e sua presença é poderosa, fazendo valer cada cena de combate em tela. Não por acaso, vários dos atores que tiveram cenas de luta com ela disseram ter saído feridos das gravações.
Elenco estelar
No meio de caras como Channing Tatum, Michael Douglas, Ewan McGregor, Bill Paxton, Antonio Banderas e Michael Fassbender, Carano brilha sozinha porque além de bater melhor do que todos eles juntos, ainda tem mais o que fazer no enredo. Todo o restante do grande elenco não serve mais do que há uma ou duas cenas, mas sem qualquer holofote, sabiamente colocado somente sobre ela.
Entre as várias cenas valorosas do longa, eu destaco três: a do início, no café; aquela no quarto do hotel, que é uma versão turbinada da primeira; e a da protagonista fugindo pelas ruas e telhados da Irlanda. Nada de Le Parkour ou saltos mirabolantes (como vemos Atômica e John Wick fazendo). Aqui os movimentos são reais, assim como as quedas, então essa verossimilhança aproxima o público da personagem e é através da ação, e não da atuação, que ela nos conquista, em um filme honesto ainda que previsível; igual mas diferente, que traz ao menos algo de novo dentro de seu gênero. A Toda Prova vale a sessão.