As Panteras, um filme bem atual e feminista
As Panteras é a nova adaptação da série de mesmo nome, famosa nos anos 70. Elena Houghlin (Naomi Scott) é uma cientista responsável por desenvolver um novo programa de energia. Quando ela percebe que o dispositivo pode se tornar uma arma mortal, ela entra em contato com Bosley (Djimon Hounsou) para que ele investigue a empresa em que trabalha.
É assim que ela conhece Bosley (Elizabeth Banks), o programa que treina mulheres para se tornarem espiãs e as outras panteras Sabina (Kristen Stewart) e Jane (Ella Balinska).
As Panteras – Perfeito para os dias de hoje
Em 1976, quando a série As Panteras começou a ser exibida, ela já poderia ser considerada uma série feminista, uma vez que retratava um trio de espiãs, uma coisa quase impensável para a época. Nos filmes (As Panteras e As Panteras: Detonando) dos anos 2000, essa característica se mantém, embora nenhuma das produções levante qualquer bandeira.
Com a popularização e a aceitação (e por que não, a glamourização) do feminismo, parece mais do que lógico trazer As Panteras de volta, dessa vez em um filme que, na teoria, é feminista. O longa bate muito nessa tecla, pois começa mostrando que o brilhantismo e a inteligência de Elena só são ofuscados pela quantidade de vezes que ela é interrompida e subestimada pelos homens que trabalham com ela. Isso ao mesmo tempo em que Sabina e Jane seduzem e enganam homens, mesmo que eles acreditem que quem está na vantagem são eles.
A produção insiste nesse clima também fora das telas: o filme é dirigido por uma mulher e a trilha sonora é composta de músicas cantadas por mulheres, como Ariana Grande, Normani, Nicki Minaj, Miley Cyrus, Lana Del Rey e Anitta.
Personagens femininas
Não se podia esperar menos de As Panteras do que personagens femininas fortes e, nesse caso, é literalmente. Somos apresentados a Sabine, uma mulher sensual, que sabe encantar os homens e se fazer de boa quando precisa, mas também sabe lutar, usar armas e é irônica e divertida; e Jane, especialista em espionagem, que também é forte e durona, tanto que tem dificuldades em expressar seus sentimentos.
A última a aparecer é Elena, que ainda não é oficialmente uma Pantera, mas que é inteligente, determinada e justa. Não só as três Panteras são fortes e empoderadas, mas também outras personagens femininas que aparecem no filme. O programa de treinamento que na série dos anos 70 e nos filmes dos anos 2000, contava apenas com três espiãs, agora tem centenas e até uma ex-Pantera que virou Bosley.
Os homens que aparecem no filme são, em sua maioria inimigos, vilões, babacas ou no mínimo, alheios e insensíveis, o que por si só, é um exagero e uma generalização que poderia ser prejudicial. Por outro lado, tudo no mundo em que o filme se passa é um tanto exagerado, então, esse aspecto também faz sentido dentro do que o filme se propõe.
O filme fala muito de leve sobre os direitos de escolha das mulheres, manterrupting e mansplaining, mas não entra de cabeça em nenhum desses assuntos, mesmo porque essa não é a proposta de um filme de ação com pitadas de comédia. As Panteras também não escapa de algumas piadas e alguns clichês que ainda soam machistas, ainda mais para um filme que deseja com todas as forças ser feminista.
A ação
As Panteras é um filme de ação, então é natural que seja repleto de cenas empolgantes. Ele não se encaixa nos moldes mais clássicos, cheio de explosões, e lutas absurdas, no entanto, não deixa a desejar. As cenas devem ser assistidas com suspensão de realidade, mas esse certamente é um aspecto comum aos filmes do gênero.
A trama não é grande coisa, é bem simples e fácil de prever, mas sendo um filme de entretenimento, funciona razoavelmente bem. Tem cenas bem feitas e momentos engraçados. Seu mérito é ser um filme de ação que, pela primeira vez, tem como alvo o público feminino.
Aspectos técnicos de As Panteras
Esta é uma grande produção, o que quer dizer que no quesito técnico, o filme não deixa nada a desejar. Tem boas cenas, com bons efeitos e boas sequências de lutas. É claro que tudo pode soar meio irrealista, mas nesse sentido, nada difere de qualquer outro filme do gênero.
O filme também é bem mais realista do que os últimos filmes da franquia, já que os figurinos são compostos mais de calças, tênis e roupas confortáveis que fazem o espectador acreditar que é possível lutar as vestindo. Claro que as roupas opulentes e glamorosas também aparecem, mas em cenas específicas.
Mas o novo filme não ignora suas obras antecessoras. Assim, o público assiste quase que uma retrospectiva, na forma de uma homenagem a John Bosley (Patrick Stewart), que mostra as Panteras da série e as Panteras dos filmes dos anos 2000.
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O longa é marcado por boas atuações, como a de Naomi Scott e Elizabeth Banks, mas o maior destaque é de Kristen Stewart, que em muitos momentos funciona como um alívio cômico para o filme, embora tenha grande importância entre o trio principal e que se sai muito bem no seu papel.
É verdade que a trama não é digna de um filme de espionagem mais bem trabalhado, mas entretém e não está fora do contexto. As Panteras também deixa muitas pontas soltas, certamente na expectativa de que consiga emplacar um segundo filme. Também é importante ressaltar que existem cenas pós-créditos e diversas participações especiais, então, não saia do cinema tão cedo.
As Panteras não é uma obra prima do cinema, mas funciona como um filme divertido e, pelo menos, tenta entregar uma obra com personagens femininas fortes e tons feministas. O filme entra em cartaz no dia 14 de novembro.