Daybreak – 1ª temporada – Já na Netflix
Quando os algorítimos da Netflix se unem para realizar um produto multicultural e superpop
Curtindo a Vida Adoidado, Zumbilândia e Mad Max são algumas referências diretas que a nova produção da Netflix, Daybreak, se apropria para criação de uma nova série pop para adolescentes, que fala bastante a língua deles e não se priva de outras tantas referências, para falar do caos que é ser jovem, enquanto realiza uma comédia pós-apocalíptica e paródia dessa geração.
Muitas ideias são colocadas aqui e bem aproveitadas até certo ponto. Tanto da intenção de se criar um universo juvenil, até de ecoar outras produções (inclusive do passado), para fundamentar as escolhas. Mas tudo ainda soa meio inconsistente e parte dessas ideias ou se perdem pelo caminho, ou são mal resolvidas durante o trajeto.
Mesmo assim, a edição descolada (com intervenções o tempo inteiro de letterings ou legendas absurdistas em primeira pessoa) com novas maneiras de se explorar a narrativa (com personagens trocando o momento de quebrar a quarta parede ou até mesmo quando um rapper assume o lugar do narrador, entre outras inovações) são muito bem sacadas. Elas expandem aquilo que começou muito bem com Ferris Bueller e culminou com Deadpool.
Daybreak
A parte disso, o elenco é bastante simpático, a começar pelo resgate do improvável Matthew Broderick como diretor do colégio e depois um grande vilão (justamente para calcar de vez a referência principal do seriado). Mas são os jovens que brilham aqui. Então fiquem de olho no protagonista Collin Ford (que começa muito bem, todo descolado, depois vai ficando um porre… o que creio, não tenha sido proposital), a graciosa Sophie Simnett, o engraçado e equilibrado Austin Crute e a prodígio Alyvia Alyn Lind, entre outros, figurando entre samurais urbanos, blogueirinhos populares e líderes de torcida feministas, com sacadas visuais interessantes, parte por conta da solução encontrada ao colocar os adolescentes (os únicos sobreviventes de explosões globais, que tornaram os adultos em zumbis bem menos ameaçadores que outros do gênero) em divisões de grupos muito curiosas e inventivas.
Os dez episódios parecem, como é comum em algumas produções da Netflix (como Luke Cage e Punho de Ferro), uma enrolação desnecessária (teria funcionado melhor com 8 ou 6 episódios), mas deve cativar mais o público jovem em busca de produções criativas como essa, com uma linguagem descolada e que dialoga diretamente com eles. Além das reviravoltas certeiras na maior parte do tempo, Daybreak ainda parece uma bela ideia, que precisa ser melhor desenvolvida ao longo das temporadas futuras. Veremos.