Peça Teatral: Escola do Rock, O Musical

Versão brasileira do musical de Andrew Lloyd Webber

Escola do Rock, O Musical é a versão musical de autoria de Andrew Lloyd Webber (O Fantasma da Ópera, Evita e Jesus Cristo Superstar) do filme de mesmo nome de 2003, estrelado por Jack Black.

Dewey Finn (Arthur Berges) é um músico que foi expulso de sua banda e que vive de favor na casa do amigo, Ned (Cleto Baccic) e de sua namorada, Patty (Thais Piza). Um dia, ele atende uma ligação chamando Ned para ser professor substituto de uma turma de crianças de 11 anos. Assim, desesperado para pagar o aluguel, Dewey se passa por Ned e aceita o trabalho.

Logo, Dewey descobre que as crianças têm talento para música. Então resolve formar outro conjunto e competir em uma batalha de bandas.

Jack Black e o elenco de crianças do filme Escola do Rock
Jack Black e o elenco de crianças do filme

A escola

O Musical se divide basicamente entre dois mundos: o mundo de Dewey, que é bagunçado; e a escola onde ele começa a trabalhar, que é organizada. Os dois mundos são completamente opostos. Dewey é um homem adulto que foi demitido de sua banda, mas que ainda sonha em viver de música. Ele vive na casa de seu melhor amigo Ned, que também já sonhou em ser um rock star, mas que agora trabalha como professor substituto para pagar as contas. Dewey, no entanto, não parece se conformar com essa vida.

Já a escola é um lugar extremamente organizado e rigoroso, que exige o máximo de seus alunos. Mesmo que isso incentive neuroses entre as crianças (e seus pais) e o comportamento competitivo. Mas se o mundo de Dewey é desorganizado, ele também é repleto de esperança. Afinal, ele é uma pessoa que acredita nos seus sonhos, mesmo depois de ter sido quebrado de várias maneiras diferentes. Enquanto isso, na escola, as crianças não recebem nada disso.

Dewey e os pais das crianças
Dewey e os pais das crianças

A união de Dewey, um rebelde, com as crianças, treinadas para obedecerem e estudarem, é o que torna Escola do Rock tão interessante.

As crianças

Quando Dewey começa a trabalhar como professor, ele já parece irritado com essa possibilidade desde o princípio. Assim como Ned, de quem ele toma a identidade, Dewey vê o trabalho como uma maneira de pagar o aluguel, mas não demora para que ele comece a conhecer as crianças.

Dewey percebe, depois de assistir uma aula de música clássica, que as crianças têm muito mais talento do que a maioria dos músicos com quem ele trabalhou antes. Até mais do que ele próprio. O protagonista, então, embora seja confuso, atrapalhado, e comece seu caminho de maneira não muito correta, se redime quando apresenta a música e a esperança de ser algo além do que os pais planejaram para as crianças.

Dewey transforma a classe em uma banda
Dewey transforma a classe em uma banda

A relação de Dewey com as crianças funciona muito bem, pois é complementar. Dewey é um homem adulto que se comporta como uma criança, enquanto as crianças se comportam como adultos. Dewey aprende com eles, ao mesmo tempo em que ensina. Ele também parece ser o único que escuta as crianças, que estão presas em um mundo acadêmico onde são cobradas o tempo todo, pela escola e pelos pais, embora raramente tenham a chance de falar em voz alta o que pensam.

Diferenças do filme e do musical

Naturalmente, existem diferenças entre o filme e o musical, mesmo porque eles são pensados para plataformas diferentes, mas, além disso, o musical parece ter algumas mudanças na trama.

Arthur Berges e o elenco de crianças
Arthur Berges e o elenco de crianças

O musical dá mais profundidade aos pais das crianças, que no filme são pouco vistos e ouvidos. Na peça, temos algumas cenas em que os pais aparecem e uma cena em que as crianças cantam para seus pais, pedindo para serem ouvidas. O espectador é colocado dentro da casa dessas crianças, embora de maneira breve, e pode ver de perto o que cada família espera de seu filho e como cada criança se sente em relação a isso.

Essa é uma boa decisão, que dá mais profundidade a uma trama que era essencialmente de comédia. Entretanto, há uma mudança que já não é tão interessante. Tomika, que no filme é uma menina negra, tímida e gordinha, que é uma grande cantora, mas tem pavor de subir no palco com medo de ser julgada pela sua aparência, no musical é só tímida. Claro que ela tem seu grande momento, que acontece quando ela finalmente consegue soltar, literalmente, sua voz, mas a trama envolvendo sua insegurança em relação a sua aparência era tão interessante e tão importante que deveria aparecer nos palcos também.

Aspectos técnicos de Escola de Rock, o Musical

É obvio que esta é uma grande produção, e a peça não deixa a desejar nos aspectos técnicos. O palco é extremamente bem feito e se alterna entre o bar onde Dewey costumava tocar, a casa de Ned e a escola. Tudo é muito bem caracterizado e fica claro qual lugar é qual.

O musical Escola do Rock dá mais profundidade às famílias das crianças
O musical dá mais profundidade às famílias das crianças

A peça também usa de muitas luzes coloridas, que passam pela plateia e colocam todo mundo no clima da história. Outro ponto interessante é que no momento em que a banda se apresenta na batalha de bandas, o espetáculo usa a própria plateia do teatro como plateia do festival. O mestre de cerimônias então, entra pelos corredores do teatro e conversa com os espectadores pedindo vivas, palmas e vaias. Essa é uma ótima maneira de criar um efeito de palco dentro de uma peça, que coloca a plateia ainda mais dentro da história.

A peça foi modernizada se comparada com o filme, seja em relação às suas referências, seja em relação a seus costumes. O Musical faz referências a músicos clássicos do rock, como Jimi Hendrix e Slash, mas também a músicos atuais de outras áreas, como Kanye West, Taylor Swift e Ariana Grande. Levando em conta que boa parte do público é infantil, a adaptação é interessante e necessária. Assim, deixa mais palatável ao público dos dias de hoje, sem deixar de agradar os pais.

E o que mais?

O musical também acrescenta mais personagens gays. No filme, uma das crianças, Billy, pode perfeitamente ser encaixado dentro do estereótipo de um gay extremamente afetado. Ele diz coisas maldosas e se interessa por moda. O personagem se mantém na peça e além disso, os pais de Tomika são um casal gay, que também não fogem muito do estereótipo e até lembram os personagens gays de Modern Family.

A banda se apresenta na batalha de bandas em Escola do Rock
A banda se apresenta na batalha de bandas

As atuações são um caso à parte. Os adultos são ótimos e parecem escolhidos a dedo para os seus personagens. O destaque especial é, naturalmente, de Arthur Berges, que é muito divertido e transmite exatamente o que o personagem deve passar. As crianças são outra atração. Já é impressionante ver uma criança atuando, cantando e dançando; quando elas tocam instrumentos no palco, então, é ainda mais surpreendente. Fica claro que todas elas são muito talentosas e preparadas.

Escola do Rock é um musical divertido, e isso aparece desde o começo. Os avisos do teatro são narrados pelo próprio Dewey, mas de maneira divertida e repleto de piadinhas. Além disso, o próprio Lloyd Webber aparece em uma gravação nos certificando que as crianças realmente tocam seus instrumentos em cena.

Escola do Rock, O Musical é para toda a família! Fala, principalmente, sobre a importância de seguir seus sonhos, mesmo que o mundo todo te diga o contrário. A peça está em cartaz no Teatro Santander.

Escola do Rock - O Musical

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