Evita, um musical sobre a primeira dama argentina
Evita é um filme de 1996, dirigido por Alan Parker. A história por trás da adaptação de Evita no entanto é mais longínqua. Ela começou com um disco conceitual de ópera rock, lançado em 1976, baseado no filme argentino Queen of Hearts (1972). A música foi escrita por Andrew Lloyd Webber (Cats, O Fantasma da Ópera e Jesus Cristo Superstar) e as letras por Tim Rice (A Bela e a Fera e O Rei Leão).
Com o sucesso do disco, Evita foi rapidamente transformado em um musical. Chegou aos palcos da West End em 1978, e no ano seguinte, chegou na Broadway.
A sinopse de Evita é relativamente simples. O filme cobre todo o período da vida da primeira dama argentina mais famosa de todas, Eva Péron (Madonna). O musical acompanha sua infância pobre, sua escalada ao poder e enfim, seu casamento com Juan Perón (Jonathan Pryce).
Outra maneira de ver a história
Uma das coisas mais interessantes de Evita é justamente o fato de falar sobre uma pessoa que existiu e que foi muito importante. Isso não é exatamente uma novidade no cinema ou no teatro. Mas é sempre interessante ter acesso a uma história real.
O que o filme faz muito bem é contar uma parte da história da Argentina, que se aprendida em uma sala de aula, poderia ser chata e maçante. Mas que em um filme, com a adição de músicas, se torna mais interessante. Certamente existem modificações e adaptações do que de fato aconteceu para o que aparece no filme. Mas o longa ainda se mantém uma ótima forma de conhecer melhor a vida de Eva Péron.
Mais do que isso, o filme, assim como o disco e o musical, provavelmente são responsáveis pela continuação da popularidade de Evita. Afinal, não existe uma pessoa que não saiba quem ela foi. Com certeza a obra é responsável por torná-la ainda mais popular do que ela foi em vida, por méritos próprios. Principalmente para gerações mais novas, que podem não se lembrar de Eva Péron. Embora o filme se foque especificamente na vida de Eva Péron, em determinado momento, o espectador também fica conhecendo uma parte da história argentina. O que também é um ponto positivo.
Evita por uma perspectiva diferente
O filme é narrado por Che (Antonio Banderas). Um personagem fictício que quase de maneira sobrenatural está em todos os lugares que Evita está. Ele tem, portanto, um acesso quase livre à vida da futura primeira dama. É pelos olhos de Che que conhecemos a infância de Eva e a sua juventude. E é justamente porque não ouvimos a história de um historiador, ou de um admirador, que podemos ter uma visão diferente de Evita.
O filme mostra como ela, usando de sua beleza, subiu na vida através de romances com homens cada vez mais poderosos. Até que encontrasse Péron. Essa visão é certamente diferente e até polêmica, dando a Evita até uma fama de “interesseira”. Por outro lado, o filme se passa entre os anos de 1919 e 1952, uma época onde restava às mulheres poucas opções de ascensão na vida, além da já mencionada. Era certo que Evita não seria eleita presidente, uma vez que nos dias de hoje, isso ainda é um feito raríssimo. Por isso, ela foi atrás da segunda melhor opção.
Embora o filme mostre esse lado da primeira dama, ele não o faz de maneira julgadora. E se redime quando mostra que ela de fato fez muitas coisas pelo seu país. E que em determinado momento, se tornou mais famosa e mais influente que seu marido, o presidente.
No entanto, muitas pessoas alegam que a biografia que inspirou as letras de Rice, Evita: The Woman with the Whip, de Mary Main, seria tendenciosa e retrataria Evita de uma maneira não tão boa. Posteriormente, outra biografia sobre ela foi lançada, que afirma que muito do que aparece no musical não é verdade. E no mesmo ano do lançamento de Evita saiu o filme Eva Perón: A True Story, que diz corrigir os erros cometidos no musical. É impossível negar que Evita é uma mulher forte, que lutou, com os meios que possuía, para chegar aonde queria.
Aspectos técnicos
A reconstrução histórica do filme é muito bem feita, seja em cenários, seja em figurinos. As músicas usadas são as mesmas escritas por Webber e Rice. Entre elas estão Buenos Aires, Good Night and Thank You, I’d Be Surprisingly Good For You, High Flying Adored, And the Money Kept Rolling In (And Out) e a mais famosa de todas Don’t Cry for Me Argentina. Existe apenas uma música que foi composta exclusivamente para o filme, You Must Love Me, e que foi incluída em algumas produções pós-2006.
O elenco tem bons atores, que estão bem em seus papeis. Mas é uma pena que a produção não tenha dado prioridade para atores argentinos, ou pelo menos, latino americanos. O filme também é um tanto quanto longo (2h14m). O que pode se tornar maçante para quem não é muito fã de musicais, mas é um prato cheio para quem adora.
O elenco tem nomes de peso
Antonio Banderas está ótimo no papel de Che e Jonathan Pryce, como Péron; além da vocalista do The Corrs, Andrea Corr. Mas quem recebeu o maior destaque certamente foi Madonna.
Na época em que o filme foi lançado, a escolha e a participação de Madonna foram muito criticadas, por diversos motivos. Como o fato dela não atuar tão bem e dela não combinar tanto assim com a personagem. De uma maneira ou de outra, é impossível negar que a sua presença chamou e chama até hoje muito público.
Evita foi indicado a cinco Oscars e ganhou o de melhor canção original, por You Must Love Me.
A montagem original de Evita foi a primeira peça britânica a ganhar o Tony de melhor musical. A peça já ganhou um revival em Londres, em 2006 e um na Broadway, em 2012, com Ricky Martin no elenco. Aqui no Brasil, Evita ganhou uma montagem em 1986, com Mauro Mendonça no elenco e mais recentemente, em 2011, com Daniel Boaventura.
Evita é um filme que retrata um período histórico e o faz de maneira interessante e divertida.