Golpe Duplo, típico filme que engana o público
No literal, no bom e também no mau sentido
O longa Golpe Duplo, escrito e dirigido por Glenn Ficarra e John Requa conta a história de um bandido veterano que se envolve amorosamente com uma novata no crime, em um golpe bem-sucedido em Nova Orleans. Anos depois desse primeiro encontro, eles se cruzam novamente e precisam lidar com as complicações de viverem num mundo de mentiras. Ou seja, uma versão humilde de “Sr. e Sra. Smith”.
Hollywood está repleta de tramas com narradores não confiáveis então, se tratando de um filme de golpista, nada mais natural do que voltar a recorrer a isso. Para tanto, a dupla de roteiristas e diretores (com “O Golpista do Ano” e “Amor a Toda Prova” eles repetem o tema, mas não a fórmula) se sustenta no carisma de seus protagonistas a força para o filme funcionar.
Golpe Duplo
Will Smith e Margot Robbie conseguem estabelecer uma química legal, mas ainda completamente dentro de uma zona de conforto de atuação (e não tinha mais por onde, com um enredo desses, né). A primeira metade de Golpe Duplo se destaca, sendo mais enérgica, dinâmica e com momentos realmente interessantes, como a sequência do Super Bowl envolvendo o carismático BD Wong. Aqui, as enganações que os personagens executam sobre os outros são sagazes, e acabam enganando o público também, de uma maneira divertida.
Depois, o longa ruma para uma segunda metade meio esquizofrênica, onde nem mesmo a suspensão de descrença é capaz de suportar. As soluções são absurdas ou forçadas nas reviravoltas finais. E há ao menos uma cena que não faz o menor sentido (Gerald McRaney invadindo o quarto do hotel). Os diretores tentam salvar essa parte, como na sequência aleatória do acidente de carro (que chama a atenção mais pela execução técnica do que narrativa). Além disso, trazem Rodrigo Santoro, como convidado de luxo para fazer certa vilania.
O desfecho, por mais tenso que seja, teve um background injustificável, o que empobrece a premissa, mas mesmo assim não diminui o valor de entretenimento que o filme sempre consegue manter em alta, mesmo enganando o espectador, ao prometer uma coisa e não entregar coisa nenhuma depois.